A esta altura do campeonato as redes sociais enchem-se de fotos de férias: praia, piscina, comidas apetitosas, bebidas exóticas, paisagens deslumbrantes, todo um slogan ao dolce fare nienti...
Para quem ainda anda na labuta, são imagens que fazem exasperar um monge tibetano.
Eu entrei no modo contagem decrescente, a ver as férias ao longe, por um canudo, ainda tão distantes, e a aproximarem-se, dia a pós dia, a passo de caracol.
Piora quando os dias se tornam estupidamente longos, exaustivos, quando regresso ao ritmo de não ter horas para sair, como hoje, que saí às 20h. Chego a casa tão derreada e ao mesmo tempo tão frustrada comigo mesma, por me sentir sem tempo para mais nada que não seja trabalho e trabalho e trabalho. Gandhe vai desenrascando os jantares quando eu venho tarde e más horas, o que diga-se a verdade, tem sido quase todos os dias. Agradeço a ajuda, claro, mas ao mesmo tempo há aquele sentimento de incapacidade, de não ter como conseguir pôr a mão a outras tarefas. Falta-me energia para tudo o resto depois que pico a hora de saída. Tenho um sofá novo e ainda nem desfrutei de um serão descontraído no seu conforto, tenho um livro, que andava ansiosa para ler, lido aos tropeções lentos, com direito a cabeça a tombar de sono e olhos a pesar de cansaço. Tenho vontade de fazer coisas no fim de semana, aproveitar as inúmeras atividades que proliferam no verão, mas só desejo, como se a minha sobrevivência disso dependesse, dormir e dormir e dormir. Sinto falta do blog, só que não chego para tudo, muito menos para discorrer banalidades ou opiniões, como quem vai ali à esplanada beber uma mini e bater um papo descontraído com amigos.
Obriguei-me a este desabafo hoje, que me sinto absurdamente cansada e afundada.
Ontem fui informada pela minha superior que iria acumular funções, "provisoriamente", coisa de uma semanita (ah ah ah), para ajudar as colegas da equipa a despachar processos que estão acumulados, a bater nos limites dos prazos, e que precisam urgentemente de ser tratados. O meu serviço iria ficar parado por "uns dias". Depois, vai-se a ver e não dá para ficar assim parado, a marinar no nada. Então de manhã faço trabalho que compete às colegas, à tarde o meu.
Não sei se ria ou se chore. Ou se dê um pontapé a alguém quando vejo uma delas a desfilar pelos corredores na converseta, ou a chegar às 10h e a sair cedo, porque "ai tenho de ir ao ginásio", ou a navegar pela net a ver saldos ou viagens para férias... lá diz o povo que quem se f...lixa é o mexilhão.
Para ajudar o belo estado de espírito que paira por estes lados, está a chover e a trovejar. E eu que tencionava estender as peles e a celulite na praia este fim de semana, estou a ver-me estendida no sofá novo, a tirar-lhe as medidas e a fazer-lhe o devido teste de qualidade, com a intenção de ver um filme ou ler o livro, mas sei que em menos de nada vou cair que nem uma pedra e babar a almofada.
E por falar em almofada, vou ali encontrar-me com a minha.