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Estórias na Caixa de Pandora

Estórias na Caixa de Pandora

21
Mar16

O karma, a sogra e a minha bílis!

Por altura do natal houve um episódio (mais um) da sogra que me deixou a ferver. Depois de tantas, foi como a gota de água que fez transbordar o copo. Depois daquilo, ela de mim não teria mais consideração, nem engolir sapos, nem nada. Posso ter muitos defeitos, mas não sou nem hipócrita nem cínica, portanto cansei de me esforçar para manter algum tipo de relação, com o mínimo contacto possível, de andar a engolir sapos e fazer alguns fretes, tudo pelo Gandhe, que é filho (e parvo, que continua a ser tapete debaixo dos pés da mãe).

Ora que fez ela no natal. Quis ficar sozinha, porque a mãe dela ia para casa de outro filho passar o natal, o namorado ia para casa de uma filha, e ela alegou umas dores de dentes e que não estava para se chatear. Portanto, a única pessoa que ela tinha no natal, curiosamente é a mesma e a única pessoa que ela tem nos restantes 365 dias, não estava para se chatear no natal, não se esforçou minimamente. Se a filha viesse cá, não lhe doíam os dentes, se a mãe não fosse para o irmão, não lhe doíam os dentes, se o namorado não fosse para a filha, não lhe doíam os dentes. Ironicamente, e o karma é fodido, só lhe restava o filho, que ela trata como criado, e eu, a cabra da nora, filha de Belzebu. Logo, não se esforçou minimamente pela família que lhe restava. 

Para mim foi um alívio. Mas custou levar com aquela cuspidela em cima, mais por ele, obviamente. E cheguei a dizer-lhe que é nessas alturas que agradeço não ter filhos, porque não saberia explicar à criança que não somos suficientemente especiais para a avó fazer um esforço.

Assim se passou, poucos dias depois ela a ligar para o filho fazer favores, ele a ir feito estúpido, eu a ficar com a bílis azeda durante uns dias, e a coisa acalma, até ela dar o ar de sua graça outra vez. 

Agora diz-me ele, por e-mail, pois acredito que tenha as bolinhas bem pequeninas para mo dizer na cara, que a senhora sua mãe no domingo de Páscoa tem a almoçar em casa a mãe dela, o namorado, e nos convidou também.

Ora, o karma a fazer das suas. Por um lado a minha oportunidade de lhe dizer que não estou para me chatear. Não vou, quero que ela se foda, tenho receio de morrer engasgada à mesa com um bago de arroz, não estou para engolir sapos, muito menos o meu orgulho ferido, como se nada se tivesse passado. Por outro lado quem sou eu para privar o Gandhe de almoçar com a mãe, com a avó e o pseudo padrasto?

Solução: ele vai, eu não. 

Seria simples, mas imagino que ele entre numa birra, só vai se eu também for, depois eu decido não ir, ele fica de trombas porque queria ir almoçar a casa da mãe, se engulo eu o orgulho e decido ir, vou estar eu fodida da vida, com a bílis a arder...

A sério, que faço eu?!

Não há nenhum ovni que passe e me leve antes de domingo? Por uns dias. Alguns. Dois. 

 

3 comentários

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    Pandora

    22.03.16

    Obrigada pela tua partilha e ponto de vista. Acredita que entendo o que dizes, pois é o que tenho feito nos últimos 6 anos (e estamos juntos há 12), quando as coisas com a sogra começaram a descambar. Distância. Pouco contacto. Pouca confiança. Têm sido os ingredientes para uma relação minimamente aceitável com a sogra. Quanto a ele, bem, por circunstâncias da vida, é a única pessoa que ela tem. Filha noutra cidade e sem querer saber, agora viúva, mas antes de o ser o marido trabalhava fora, de relações cortadas com a maior parte da família, e mesmo algumas amigas que já teve, não duram muito. Tive de suportar às 10 chamadas diárias para o filho, tive de suportar todos os dias ele ir a correr para as supostas emergências da mãe, para depois vir para casa danado, porque afinal eram tretas, tive de suportar as visitas surpresa na minha casa, para a ouvir falar mal de tudo, tive de engolir comentários como eu não engravido porque não quero engordar, ou o filho está gordo ou magro porque eu não cozinho e só se come porcarias, ou que o filho anda mal vestido para eu não ter trabalho a tratar-lhe da roupa. Fui suportando ela dar tudo à filha, que nem à fava a manda, mas é a ela que dá dinheiro, mobílias, e o que calha, e é a filha modelo e exemplo para todas as outras. Fui suportando, nem sempre da melhor forma, e com várias discussões feias pelo meio, as investidas dela, o "eu quero, posso e mando e tem de ser como eu quero e quando eu quero"! Esgotei a paciência a fazê-lo ver que é adulto, independente e que tem mais que obrigação de pôr limites à mãe. Mas em momento algum lhe disse ou eu ou a mãe. E nem agora. 
    Neste momento eu vejo como a minha oportunidade de marcar também posição. É orgulho, sim. Orgulho que não quero engolir, outra vez, perdi a conta das vezes que o engoli, porque também quero que ela perceba (se quiser) que não pode tratar os outros como montes de bosta. Ele pode lá ir almoçar, não sou ninguém para o impedir que ele almoce com a mãe, com a avó, com o namorado da mãe. Mas eu não vou. E se ele prefere arranjar uma desculpa esfarrapada, que arranje, ou diga a verdade. Que a atitude que ela teve no natal, depois de tantas às quais uma pessoa foi engolindo, é um chega, um basta, ou ela começa a ter algum respeito ou consideração, ou paciência. Eu não sou da família, e citando a senhora "nem casados são". 
    Se acredito que ela me vai ganhar respeito? Não. Na verdade vai é ficar toda contente porque o filho até vai sem mim, e provavelmente repete os convites com mais frequência, para ele ir sozinho. Se isso acontecer... logo se vê, mas nos limites como eu ando, talvez o filho pródigo regresse para debaixo da saia da mãe. Porque eu também saturei de ser alvo dos ataques da senhora e ele não ter tomates para defender a mulher com quem partilha a vida. Porque não vale a pena entrar em discussões com a mãe. Claro. Ela pode fazer tudo, dizer tudo, tratar os outros como quer e lhe apetece, e ninguém lhe faz frente porque ela é assim e não vale a pena. 
  • Sem imagem de perfil

    Anónimo

    28.05.17

    me vejo igual a vc na sua narrativa, comigo acontece o mesmo, tenho dez anos de casamento e ao menos 3 não piso na casa do meu sogro desde que separou e minha sogra eu frequento com certas ressalvas.. nunca vi pessoas como aqueles dois. Eu sei exatamente o que está passando, no meu caso ainda tem meu filho que assim como meu marido jamais privei de conviverem com eles, mas já ouvi muitas coisas, já suportei, perdoei mas entendi que não adiantava jogar pérolas aos porcos, eles não entenderiam nenhum gesto. Após n tentativas de recomeço, cansei. Agora não vou mesmo, nem às ocasiões de aniversários e etc, pq 5 minutos com eles e me ofenderão, o marido um bobo que tbm não tem tomates. Enfim, complicado. O amor que eu tenho por ele ainda me faz tolerar um convivência mínima, só por ele faço isso, não tem culpa, embora as vezes em minha mente eu o culpe por omissão, mas sogro e sogra são meus obsessores vivos, e os desejo bem longes.
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