Fui desafiada por duas simpáticas meninas, a Nathy e a Miss Ana, a responder a um questionário sobre o Natal. Não o fiz nem vou fazer. Não gosto particularmente do Natal, pelas memórias amargas que me traz, memórias que vêm desde a tenra infância até aos dias de hoje. Nunca tenho natais fáceis de viver, sem ter sentimentos e emoções que supostamente não fazem parte desta quadra. Não tive nem tenho uma família digna desse conceito, e não vou entrar em detalhes, porque são demasiados esqueletos no armário, demasiadas mágoas que ainda estão por digerir.
Mas tento, nos meus 33 anos, viver um Natal o mais próximo do espírito da quadra. É uma época que aproveito para mimar as pessoas que ao longo do ano estiveram comigo, no bom e no mau. Tenho todo o prazer em escolher miminhos que, mais que uma prenda de Natal, é um agradecimento pela amizade e carinho, é escolher algo especial para aquela pessoa. Escrevo, de coração, mensagens a desejar feliz natal para cada pessoa a quem o quero fazer. E sei que vivo um pouco à minha maneira esta época. Mas o dia 24 e 25 são os dias críticos. Os dias em que o vazio que está cá dentro sente-se mais, e ninguém nem nada o pode preencher.
Por estes dias li de fio a pavio um livro, a prenda de natal de mim para mim.
![]()
Foi sentar no sofá e só acabar na última página. Assim, de um fôlego. E na altura em que foi serviu de inspiração, de conforto, de aconchego. Não tenho a mesma experiência de vida do James, mas partilho essa história de vida feita de natais sofridos, em que a solidão é sentimento que impera. Sendo o natal a festa da família, nós, que somos uma espécie de orfãos de famílias vivas, vivemos com angústia e solidão esta época. E tudo à nossa volta nos grita que o natal é em volta de uma mesa, rodeados da família... mas o Natal pode muito bem ser no sofá com o gato, se esse é o Natal de amor e união, de paz e alegria, pois que assim seja. E dei comigo a sorrir e a pensar que eu estaria tão bem assim, com a minha árvore a piscar, com os gatos no colo, com o meu Gandhe ao lado: porque esta é a minha família, a que amo, a que está comigo, dia após dia, nos maus e nos bons momentos.
Um livro que me inspirou. E muito.