As redes sociais estão pejadas de opiniões todos os dias. Tudo é motivo para mandar bitaites, para acender polémicas. Nada contra a liberdade de nos podermos expressar e de haver opiniões para todos os gostos. Mudam-se os tempos e vamos acompanhando. Ahhhh, não, só em algumas coisas. Que isto de nos modernizarmos é só no que dá jeito.
Ora a polémica do dia é mais um chumbo da lei da adopção por casais homossexuais.
A panóplia de argumentos é vasta, mas esprimido resulta em meia dúzia de pseudo argumentos, sem sentido, sem validade, sem razão, sem conteúdo intelectual algum.
Bem, vou tentar dissecar alguns dos argumentos mais gastos de quem se manifesta contra.
- As crianças não têm exemplo de família normal (gostava que me definissem família normal) e vão ser todas gays: presumo que os gays todos que existem à face da terra foram também eles criados por gays, o que me leva à eterna questão da galinha e do ovo: qual nasceu primeiro?
- Não é natural: se fosse, os gays poderiam ter filhos. Ora presumo que os gays possam ter filhos enquanto pessoas que são, ainda que não uns com os outros, mas por essa ordem de ideias, com o casa e descasa de hoje em dia, não deve ser muito natural (e diria equilibrado, mas isso depende da gestão que cada família faz) uma família hetero ter vários meios-irmãos e várias casas por onde as crianças vão saltitando nos fins-de-semana e férias.
- Os gays andam pela casa a comer-se e a apalpar-se. Ora presumo que os hetero tenham relações sexuais à distância, não se apalpem (ou beijem, como demonstração de afeto e carinho) e só copulam para procriação. Ou a intimidade de um casal (e não estou a definir se é hetero ou homo) com filhos não fica "confinada" a espaços onde as crianças não assistam ao vivo e a cores como se fazem bebés?
- Desgraçadas das crianças institucionalizadas, vão ser todas entregues a gays e lésbicas. Como se todos os homossexuais quisessem adoptar, o que não me parece o caso. Apenas querem ter o mesmo direito de escolha e opção que os outros casais (hetero), alguns deles por infortúnio e contra natura não podem ter filhos (ou devemos penalizar esses porque não são naturais, e se não podem ter filhos é porque não é para os ter e nada de adoptar?).
- As crianças vão ser, claro está, abusadas pelos gays. Pois, até parece que estão institucionalizadas porque os pais biológicos são uns santos.
- Os gays são aberrações. Sem comentários. A minha inteligêcia fica aquém de tamanha estupidez.
E podia estar aqui horas, mas não vale a pena.
Génese do problema: se há crianças institucionalizadas e disponíveis para adopção será porque as famílias biológicas eram "perfeitas e normais", capazes de garantirem a segurança, crescimento e desenvolvimento saudável das crianças?
Resolução do problema: se há pessoas, repito, PESSOAS, que querem e reúnem as condições para criar, educar e providenciar tudo o que uma criança precisa para o seu crescimento e desenvolvimento, qual é o problema?!
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