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Estórias na Caixa de Pandora

Contém merdas que não te interessam...

Estórias na Caixa de Pandora

Contém merdas que não te interessam...

08
Abr16

Cenas parvas que me ocupam os neurónios

Hoje uma colega de trabalho choramingava o valor que tem a pagar de IMI. Atenção, a moça é pessoa simples, sem frufrus e manias, mas, como manda a tradição local, casou, herdou um terreno e vai de construir uma casa, que por acaso é bem gira, não é nenhuma mansão megalómana, mas não deixa de ser uma bela de uma casa, com jardim, relvado atrás da casa, páteo, cave, espaço que sobra e dá para vender. Pois que o valor do IMI subiu este ano para ela, e segundo o lamento, um ordenado dela (que não ganha nenhuma fortuna, mas está acima do salário mínimo nacional) não chega para pagar o dito cujo.

Ora eu penso que já foi tempo em que também sonhei com uma moradia, jardim, grande quintal, ui, piscina então era top, assim, coisa mai linda. Mas depois comecei a viver a vida de adulta, trabalhar fora de casa o dia todo, perceber que um T2 já dá trabalho e despesa que chegue, para o tempo que lá estou dentro, que se passa uma semana que não sento o rabo no sofá, ou me ponho de papo para o ar no meu singelo terraço, quanto mais agora ter uma moradia com jardim e quintal, quiçá uma piscina. Tá bem abelha. E depois vêm estes encargos associados aos proprietários de imóveis. Ora toma lá, tens uma moradia, és rico, paga. 

Também já pensei que um dia, num futuro não muito longínquo, até devia pensar num apartamento maior, um T3, na loucura um T4. Logo a seguir a voz da razão grita-me que teria de vender o meu amado T2, que obviamente com a crise do mercado imobiliário, desvalorizou em relação à época que o comprei, que seria precisa alguma sorte conseguir vendê-lo pelo valor necessário para cobrir a atual hipoteca, e depois teria de recomeçar novo processo de empréstimo hipotecário, com novas taxas de juro, encargos e blá blá blá... perco logo o entusiasmo. O meu T2 é muito jeitosinho, chega e sobra, e mesmo que um dia venha uma criança, tem lá espaço, até porque o segundo quarto está num misto de escritório, closet, tralhas, coisas, cenas, ah, que não vejo o dia em que arregaço as mangas e destralho aquilo, porque aqui confesso, 90% da tralha que lá está é do homem, que eu cá já entrei numa onda mais minimalista há um par de anos.

Agora o que eu queria assim mesmo era uma espécie de Querido, mudei a casa, mas em bom, para me fazer ali umas alterações e aliar decoração a organização de espaço, para rentabilizar melhor as divisões. 

E o que é isso de Querido, mudei em casa, mas em bom?

Ora, é não ter tudo tirado de casa, e quando lá entrasse apanhar um susto com papel de parede às araras verdes e amarelas, umas almofadas em zig zag rosa, uns candeeiros todos bonitos para acumular pó, o terraço transformado num pequeno paraíso tropical, mas espaço para estender a roupa não tem, porque pessoas finas com terraços tropicais não estendem roupa. Chegar à cozinha e em vez do armário louceiro, ter duas prateleirinhas para pôr os pratos VA em exposição. Ahhhh, e era preciso que não me expulsassem os gatos de casa, porque não combinavam com a decoração.

Pronto, agora que divaguei, vou trabalhar que é para isso que me pagam.

 

07
Abr16

Leilão de livros para ajudar a Becas

A Becas é uma gatinha bebé. A Becas tem um problema grave de saúde e estão a ser feitos todos os possíveis para a curar. Estes tratamentos têm custos e apanharam a Marta completamente de surpresa, por serem tão dispendiosos. Mas quem ama luta, e por isso a Marta está disposta a ir até ao fim para ajudar a pequena Becas a curar-se e a regressar a casa.

Para isso está a organizar:

Toda a ajuda, por mais pequena que possa parecer, é bem vinda. 1€ de uma rifa, a oferta de um livro para leiloar, um pequeno donativo, o simples divulgar, porque a quanto mais pessoas chegar o pedido de ajuda, maior a probabilidade de haver mais ajudas. Um pequeno gesto de cada um de nós pode ajudar a Marta a salvar a sua Becas.

Para atualizações, quer do leilão de livros, quer da venda de rifas para sorteio de livros (já houve, entretanto, novidades, livros novos a aparecer), quer para acompanhar a evolução do estado da Becas, sigam o blog: Clube de Gatos do Sapo

06
Abr16

Perdi a carteira (exercício de escrita criativa)

O sítio proibido é o mais apetecido. – Lá diz a vox populis. 

A arrecadação da nossa escola primária, lá da aldeia, tetos altos, porta de madeira pesada, recreio de areia e árvores para trepar, a arrecadação era aquele imaginário que nos lembrava o sótão da casa da avó, cheio de relíquias e tesouros por descobrir. 

O que mais nos deslumbrava na arrecadação eram aquelas carteiras em madeira, tampo da mesa inclinado, que levantava para guardar os livros, e tinha uns buracos para os frascos de tinta permanente usados pelas nossas avós, quando anos e anos atrás andaram elas naquela mesma escola, tetos altos, porta de madeira pesada, recreio de areia e árvores para trepar. 

Não havia muitas carteiras dessas na arrecadação. Duas ou três, ainda em bom estado, guardadas com o cuidado de quem quer preservar um pedacinho de passado. E nos armários pesados os antigos livros de ponto, o registo dos alunos daquela escola ao longo dos anos. Mas não era isso que nos cativava a atenção. Eram aquelas carteiras, onde gostávamos de nos sentarmos e nos sentirmos abraçadas naquela união entre o banco e o tampo partilhando as marcas deixadas pelas mãos de quem ali aprendeu a juntar as letras e a rabiscar contas.  

Nós também queríamos que aquelas carteiras fossem as nossas. Lembravam-nos a Ana dos Cabelos Ruivos, desenhos animados que víamos com devoção inocente. Todas queríamos ser a Ana dos Cabelos Ruivos: corajosa, traquina, reguila, aventureira, doce… 

Nunca tivemos aquelas carteiras na escola, estavam guardadas na arrecadação, para onde, de vez em quando, nos esquivávamos e onde brincávamos à Ana dos Cabelos Ruivos a aprender a juntar as letras e a rabiscar números naquelas carteiras que nos envolviam num abraço mágico. 

Sinto-me a sorrir, de olhar perdido no horizonte da janela do comboio. Perco-me na paisagem que fica para trás. Suspiro com ternura pela lembrança daquela carteira mágica, guardada como tesouro na arrecadação da escola, ainda de tetos altos, porta de madeira pesada, mas sem meninos a encher o recreio de areia e a trepar às árvores. Pergunto-me se ainda lá estará? Gostava de ter uma. E sentar-me-ia com a filha que está por nascer, a ajudar a juntar letras e a rabiscar números, a contar-lhe as histórias da Ana dos Cabelos Ruivos, assim, enlaçadas pela magia daquela carteira. 

Próxima paragem… - ouço a voz metálica. É a minha. Cheguei ao destino. Volto à realidade. Levanto-me, pego no casaco, vou para a porta, segurando-me enquanto o comboio abranda. Menina, menina! Viro-me. A sua carteira. Sorrio. Com a lembrança da perdida carteira da minha velha escola primária, ia perdendo a carteira de mulher adulta no comboio.  

 

Um agradecimento especial à doce Alice, que me inspirou neste jogo de homonímia. 

 

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