De arrepiar!
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Olho para a prateleira da estante onde jazem os livros que tenho por ler. Podia tentar seguir a tendência e ir lá fora espalhar os livros pelo chão, mas em vez de pedras à volta era mais provável ter cocós de cão. Poupo-vos a essa imagem. E aos meus livros também.
E agora, qual se segue? É que na verdade apetece-me parar na livraria mais próxima e comprar este, ou este, ou ainda este... na loucura ainda trazia este também. Por que raio só me apetece ler o que não tenho na estante???!!!
Não tiro fotos aos trapos todos os dias, divulgando as marcas.
Não tenho páginas do blog nas redes sociais para publicar fotos atrás de fotos.
Não tenho tempo nem paciência para fotografar cada coisa que visto, que uso, que como, ou onde estou e vou.
Não entro nas febres da moda, como esta mais recente do Pokémon, aliás, ainda não percebi o que é essa porra e já estou farta de ver publicações sobre o assunto.
Não considero barato um colar ou uma pulseira de fina bijuteria que custe mais de 100€ ou 30€, respetivamente.
Acho tremendamente absurdo que se espete com um livro no meio do chão, com pedrinhas à volta, só para a foto das redes sociais (coisa mai linda, que me ia engasgando com o iogurte quando vi tal obra digna de exposição).
Sou tão outsider que não tenho parcerias nem faço passatempos, não ofereço nada aos leitores, a não ser estas belas tretas que escrevo.
Basicamente, é isto:
Já disse que adoro preto?!
Tirei uma espécie de selfie. Mas só queria mesmo mostrar a perna em modo posta de pescada mal cozida num vestido branco. Que sacrilégio!!!
As últimas leituras que me empolgaram foram policiais. Pronto, tendo em conta que as séries que gosto de ver também são nessa onda criminal, está visto que as leituras acompanham a tendência televisiva.
A Última a Saber de Elizabeth Adler foi a minha última leitura. Oferta de aniversário de um casal de amigos, foi escolhido o livro pela sinopse, e por saberem que gosto de livros de mistério, suspense e policiais.
Não conheço de todo a autora, pelo que foi a minha estreia. No facebook uma amiga disse que a autora é espetacular, mas este livro fugia ao registo habitual dela, pelo que podia ter as expectativas demasiado elevadas e dececionar-me. Respondi-lhe que como não conhecia a autora, esse não seria, decerto, motivo de deceção.
Demorei um pouco a apegar-me ao livro. Não pela narrativa em si, mas porque lia hoje um capítulo, daí a uns dias outro, e andava assim muito despegada da leitura por cansaço, por ter os dias sempre tão cheios e corridos, que tempo e disposição para leituras era pouco ou nenhum. Até que há uma noite que me apetecia ler, não tinha sono e não era assim muito tarde. E pronto, difícil foi parar. Ontem estava na disposição de só parar na última página, mas o sono venceu-me. O calor de hoje atirou-me para debaixo do guarda sol no terraço e concluí o livro.
Gostei. Já li romances policiais, de suspense e mistério melhores, ou mais surpreendentes, daqueles que as revelações constantes são um twist e nos fazem pensar e pensar e o desfecho deixa-me com aquela sensação de total surpresa, do tipo, what the fuck, por esta eu não esperava. Neste livro isso não aconteceu. Mas nem por isso a história prendeu menos.
A história começa com o protagonista, um famoso e competente detetive de homicídios, a fazer um retiro na sua casa do lado após a separação amorosa. Em conflito com as suas dúvidas sobre o que quer realmente da sua vida no futuro, num cansaço enorme pelo desgaste da sua profissão, que o absorve e pouco espaço deixa para a vida pessoal, eis que está ele a tentar desligar-se de tudo quando, precisamente no pacato lago onde ele está há um misterioso incêndio, numa casa onde vivem duas misteriosas mulheres, mãe e filha, acabando a mãe por morrer e a filha por ser salva pelo mesmo detetive. A partir daqui desenrola-se toda uma investigação e sucessivos mistérios e crimes que vão acontecendo, envolvendo uma família simpática e adorada por todos.
Confesso que este enredo podia perfeitamente ser o guião de um episódio (duplo) de Castle, eventualmente de Mentes Criminosas, ou do CSI Miami.
Cada capítulo é uma perspetiva diferente de cada uma das personagens envolvidas, trazendo revelações e mais mistérios para responder. A perspetiva do próprio assassino também surge, em relato de primeira pessoa, e é pela sua voz que os leitores são confrontados com a verdade, a revelação dos vários mistérios e algumas explicações. O assassino é previsível desde cedo. Ainda assim, como as revelações vão surgindo ao longo da narrativa, acabamos por ficar presos à leitura, nem tanto para responder à pergunta quem é o assassino, mas para desvendar os mistérios que vão surgindo, numa teia bem intrincada. Ainda assim, achei que houve pormenores e aspetos que podiam ter sido mais explorados, senti que ficaram algumas pontas soltas, pouco esclarecidas ou pouco desenvolvidas.
No geral, uma boa leitura. Para quem é apreciador de romances policiais, com suspense e mistério à mistura, não espere deste livro muita emoção e voltas à cabeça para deslindar o enredo. É mais superficial, mais leve, tal como um episódio de Castle ou de CSI, mas nem por isso desprovido de interesse ou alguma emoção.
Ando cansada e sem paciência. Talvez este seja o estado normal de quem está, qual prisioneiro, a riscar os dias no calendário. As férias aproximam-se e parecem tão distantes ainda. As últimas semanas têm sido exigentes, extenuantes.
Preciso de sossego. De silêncio.
E por isso hoje, quando cheguei a casa para almoçar, peguei no livro que ontem não consegui ler, por cansaço, e li dois capítulos. Pequenos. Sentei-me no meu terraço, pés ao sol, cabeça à sombra. Uma brisa que ia soprando, e assim, como que suspensa no tempo sempre contado, estive em absoluto silêncio a ler, como uma fuga para um refúgio tibetano. Só eu, o silêncio, a brisa que me acariciava levemente a pele... e um livro. Teria ficado assim o resto da tarde. Precisava, hoje, disso.
Daqui a alguns minutos um amigo muito especial entra no bloco operatório por causa de um maldito tumor que apareceu de repente, sem dó nem piedade. Estou com um aperto no peito, um arrepio de ansiedade e a força de acreditar que vai tudo correr bem. Tem de correr bem. Ele merece que corra bem.
Hoje andei, novamente, em serviço externo com um colega. A meio da tarde deparo-me com uma situação que me deixou revoltada, zangada, com vontade de chamar polícia, bombeiros, o Papa se fosse preciso, mas na impotência em que estava de poder fazer alguma coisa, fiquei completamente desfeita, com um nó na garganta e os olhos a lacrimejar.
Num estaleiro de máquinas agrícolas deparei-me com uma casota de pedra. Presa com cadeado uma cadela, à volta dela os filhotes, esses soltos. A cadela estava ao sol, com um pote de água mais esverdeada que um sapo, uma gamela com meia dúzia de grãos de ração seca, ali, presa, debaixo de um calor intenso, em cima de pó, encostada a um muro, e mesmo à beira do sítio onde passam viaturas, camiões, máquinas agrícolas. Bateu a revolta quando vi aquilo. Mas doeu tão fundo ver aquela cadela, numa doçura extrema, de olhar triste, a saltar para o muro a tentar alcançar-me, como se me pedisse ajuda, para ela e para os filhotes.
Sim, podia ter pegado no telemóvel, ligado para a GNR. Procurado na net uma associação local, pedir ajuda, denunciar a situação. Mas estava em trabalho, com viatura da empresa, com um colega a quem isto nada afeta e não gozou comigo porque me viu verdadeiramente transtornada. E depois a verdade é que a cadela estava em propriedade privada. Tem dono. Alegadamente comida e água. Chamar a polícia para nada fazer? Estar sujeita a reprimenda porque estava em funções e em horário de trabalho? As associações estão a abarrotar, bem sei, e já senti na pele o que é pedir ajuda para um animal em risco e negarem-se com o argumento que estão lotados e não podem. É demasiada impotência que me revolta as entranhas, e choro agora de raiva e de mágoa por ver estas coisas e não conseguir fazer nada.
Comprei um daqueles soutiens com possibilidade de usar as alças em várias posições.
Mas agora onde posso fazer download do livro de instruções?!
Sim, somos o povo do vai-se andando, o povo que anda sempre com o credo na boca, porque nunca está bem com nada e é o eterno pobre em crise. Somos o povo que é extremamente autocrítico e por isso aponta o dedo a tudo e todos, quer sempre mais, quer sempre melhor, e ainda assim somos o povo da ironia, aquele que se sabe rir de si próprio. Somos o povo do fado e do pimba, da Amália e do Tony, somos o povo de Afonso Henriques, de Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral, somos o povo de Camões e de Pessoa, de Bocage e de Herman, somos cavaleiros templários, somos navegadores, somos camponeses, somos pescadores, somos padeiros, somos engenheiros, somos doutores, somos trolhas, somos porteiras, somos emigrantes. Somos o povo das lamúrias mas também somos o povo da gargalhada, da comédia, da caricatura de si mesmo. Somos tão pequeninos e a História impressa no nosso ADN mostra como somos grandes.
Somos coragem. Somos força. Somos garra. Somos crença. Somos esperança. Somos lágrimas. Somos suor. Somos sangue. Somos sacrifício. Somos humildade. Somos fé. Somos dor. Somos alegria. SOMOS PORTUGAL!!!
E ontem, dia 10 de Julho de 2016, mostrámos quem somos e do que somos feitos. Quanto mais nos tentam derrubar, mais nos unimos, quanto mais nos insultam, mais nos erguemos, quanto mais nos ridicularizam, mais força nos dão, porque cá dentro somos isto:
Juntos, somos mais fortes. Juntos, somos Portugal!
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