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“A melhor terra para semear e fazer crescer algo novo outra vez está no fundo. Nesse sentido, chegar ao fundo do poço, apesar de extremamente doloroso, também é um terreno para semear.” Clarissa Pinkola
No dia que bati no fundo do poço, no dia que senti o meu eu quebrar-se e estilhaçar-se, no dia em que senti uma dor tão gritante que julguei não suportar, nesse dia morri. E enfim, pude renascer e transformar-me. As dores trouxeram ensinamentos. O sofrimento trouxe crescimento. E de mim brotou uma força vital, enraízada na minha ancestralidade. Olhei para mim como nunca tinha olhado. Enfrentei as minhas sombras e medos, debati-me com as crenças que me limitavam e bloqueavam. E então pude amar-me.
No dia que rastejei para fora do poço percebi a coragem que me corria nas veias. Nos primeiros passos vacilantes, de quem ainda está extremamente ferida, estendi a mão e pedi ajuda. Fui andando, consciente que o caminho é para a frente, sempre. Não para trás. A cada passo dado afastava-me do poço de onde renasci. Fui curando as feridas. E fui largando o que me pesava. Principalmente tudo aquilo que não era meu. Despi o manto da culpa que me cobria há tanto tempo que se tornara pele. A caminhada foi ficando mais ligeira, mais leve, mais fluída. Em direção à vida, ao futuro, ao que o destino tem para mim. Permiti-me semear sonhos para colher projetos e objetivos de vida. Ousei tomar decisões diferentes. Seguir novas direções. Confiar nos meus instintos e intuição. Respirar fundo e seguir, de olhos postos no horizonte.