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Estórias na Caixa de Pandora

Estórias na Caixa de Pandora

20
Nov23

85/365

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Obrigada 

Não sou destas coisas, de prestar homenagens a famosos/figuras públicas, que só vi através da TV ou assim de longe, num palco.

A Sara é diferente. A Sara é três anos mais velha que eu. Apareceu ao grande público aos 16 anos e a fazer sonhar muitas adolescentes como eu. As músicas da Sara fazem parte da banda sonora da minha vida e eu, que tenho imensa dificuldade em decorar letras de músicas, sei várias da Sara assim, na ponta da língua. Nunca conheci pessoalmente a Sara, tão pouco privei ou falei com ela, mas caramba, foram tantas horas a ouvi-la que sinto-a como a amiga que esteve presente, talvez a única presença, em muitos momentos da minha existência. 

Em choque recebi a notícia ontem, pela Comercial. Em choque porque, foda-se, é três anos mais velha que eu. E sem merdas, há este olhar cru sobre a nossa mortalidade, vida efémera que temos. E as merdinhas do dia a dia que desgastam, os traumazinhos emocionais com que se vai lidando, uns dias melhor outros dias pior, são arremessados para o canto da total indiferença, quase como se fossem mandados para o castigo, sentem-se aí e olhem para a parede, contemplem a vossa insignificância. 

Até já, Sara! E obrigada por tudo o que nos destes e nos deixas: o teu ponto de luz brilhará nas memórias dos nossos corações. 

16
Nov23

84/365

Ontem a aula de yoga pôs-me em confronto com as minhas limitações. Na verdade isso também é yoga, o ir ao nosso limite, com respeito e sem forçar. E ontem eu não estava nos meus melhores dias, nem a nível físico, cheia de dores musculares, rescaldo do treino de musculação, nem a nível mental e emocional, ando a sentir-me sem energia, muito cansada.

Tive momentos que desmanchei a postura e fui para uma de relaxamento (para quem está familiarizado com os termos, postura da criança). Voltei a tentar, e não aguentei tanto como as colegas. Voltei mais cedo à postura do relaxamento. Tive ali dois momentos que me vieram as lágrimas aos olhos de cansaço e frustração, por me sentir tão em baixo e sem energia.

E vem o tal do respeito pelos nossos limites. Fez-se aquele click quando centrei a atenção na respiração e regulei as emoções: hoje não estou muito bem e é ok. Faço o que posso, vou até onde consigo, aguento até onde me for possível, sem forçar. Hoje esta sou eu, com estas limitações e a precisar mais de descanso e relaxamento. E depois desta interiorização de respeito por mim própria, o resto da aula fluiu bem melhor, e no relaxamento final apaguei. Apaguei mesmo. Quando vim a mim, já estavam todas prestes a enrolar os tapetes. 

 

Lembrete do dia: quando temos respeito por nós próprios, pelos nossos limites, deixamos de estar em esforço e passamos a sentir a leveza que o fluir natural dos acontecimentos ou situações nos traz. 

 

15
Nov23

83/365

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Leituras de outubro: Emily Henry e os seus romances dignos de um filme da Hallmark, daqueles que passam na Fox Life ao domingo e nos fazem ficar na ronha no sofá, com uma manta nas pernas e o balde das pipocas no colo. 

Três foram lidos na semana das férias, o quarto foi lido no restante mês. Divertidos, leves, românticos. Sobre amores e livros, encontros e desencontros, amizades e as coisas simples da vida. Gostei. Muito. 

15
Nov23

82/365

Ontem, antes de ir para casa, fui até ao fundo da rua. Estacionei e subi as escadas do passadiço. Sentei-me num dos bancos e olhei o mar. O pôr do sol já tinha acontecido ainda eu estava no escritório, mas este é o clichê, certo? O mar e o pôr do sol, como se apenas aquele momento dourado fosse o privilégio dos privilégios? Não. Ontem a escuridão fundia-se mar adentro, mas ali, na rebentação das ondas na praia eu via, ouvia e sentia na pele. Ali fiquei o tempo de fumar um cigarro (pensativo, à Eça de Queirós). Na mente borbulhavam muitas ideias, esse lodo em que me tenho afundado. E naquele exato momento em que olho de frente para o meu medo, é quando percebo que quanto mais me liberto desse medo, quanto mais largo a necessidade de controlo para evitar uma dor maior, é quando o medo perde força e eu me sinto livre e segura.  

 

14
Nov23

81/365

Escolho rir-me de mim e do meu ambicioso objetivo de chegar ao fim do ano com 365 textos escritos. 

Posso assumir que falhei redondamente no objetivo ao qual me propus. Assumo. E? Que mal vem ao mundo eu estar estupidamente aquém deste objetivo, quando outros objetivos se sobrepuseram com maior impacto nos meus dias? 

Não escrevi, li muito. Já superei o objetivo estabelecido (20 livros) no Good Reads. Na semana de férias que tive em outubro li 3 livros. 

E por falar em objetivos, ainda estou no ginásio. Seis meses. Difícil de, eu própria, acreditar.

Talvez seja o momento, de mim para mim e para quem por aqui pousar os olhos, de fazer um breve resumo desde o último dia aqui registado.

Mudança de casa concluída em setembro, escritura realizada, finalmente instalados no novo lar. E quase que, de repente, se foram as dores de cabeça, frustrações, expetativas defraudadas, dores musculares, cansaço a raiar a exaustão. 

Mudei de casa, de estilo de vida, atingi um velho e quase esquecido sonho: moro na praia, com o mar ao fundo e o areal quase como quintal. Moro na praia e à noite não vou dormir sem ir à varanda ouvir o mar, inspirar e expirar ao ritmo das ondas. Mesmo nas noites de temporal, em que ouvia o rugido intenso que fazia vibrar as entranhas, fechava os olhos e sincronizava a respiração com o marulhar. Terapêutico. 

Outubro arrancou com um calor dos ananases, o que muito agradeci pois finalmente tive as minhas férias de verão. E bem que precisava dessa pausa para recarregar baterias. Descansar, ler, mergulhar no mar, desfrutar da companhia, da boa comida, dos passeios e novas paisagens. Aquela pausa tão vital para respirar e recuperar fôlego.

Regresso das férias e novas rotinas que a mudança de morada trouxe. Adaptação suave e tranquila, com uma felicidade serena a percorrer a espinha dorsal até ao aconchego no peito.

E vem a chuva e os temporais, e eu entro em parafuso. A chuva põe-me para baixo, o tempo em tons de cinzento carregado, denso e escuro suga-me a vitalidade. Emocionalmente fui-me abaixo e vi-me numa luta interior. As feridas (em processo de cura) a fazerem-se sentir num ego fragilizado e diminuído, um eu mais consciente e munido de ferramentas e maturidade emocional para lidar. Um duelo que se prolongou por dias, semanas na verdade, e só agora começo a sentir que estou a conseguir sair do pântano onde me enfiei de cabeça. 

Sou das que facilmente entra num caminho de auto destruição, auto desvalorização. As sombras de mim que aprendi a olhar de frente e acolher. Não faço um caminho de retorno. Atravesso o meu pântano, pois já sei que é na travessia que está a aprendizagem, o crescimento. Não serei exatamente a mesma pessoa que era quando entrei no pântano, por isso não há retorno, há um ir em frente, atravessar e chegar ao outro lado. Estou a chegar. 

 

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