Feliz Natal
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Quão desconfortável é sentir que não temos "lugar" onde estamos?
E quando nos sentimos sem lugar, facilmente sentimos as atitudes dos outros como uma anulação, um desrespeito por nós.
Para que serve sentirmos isso?
O desconforto mexe cá dentro. E ou enfiamos a cabeça na caixa da areia e esperemos que passe, ou encaramos esse desconforto e vemos o que ele veio trazer. Normalmente vem trazer aquele mau estar que nos faz querer mudar algo. Vem o medo, e também vem a força e a coragem para esse passo para a mudança. O desconforto empurra-nos para fora da zona de conforto. É isso que ele vem trazer.
E eu sinto um desconforto cada vez maior a nível profissional. Já não é só a desmotivação, o cansaço ou a frustração. Já vai além do não ter perspetivas de progressão de carreira, da estagnação e desvalorização.
E é neste ponto que me afundo, a desvalorização. Tenho-me sentido tão sem valor, tão sem nada de especial ou que me distinga, tão sem talento ou dom, ou o que quer que me pudesse fazer avançar para um novo caminho.
E quando alguém manifesta interesse profissional no meu perfil e competências, bloqueio-me com o síndroma do impostor: ah vocês pensam isso porque não me conhecem ou convivem comigo como as pessoas do meu departamento.
O meu departamento. Há pessoas impecáveis, humildes, trabalhadoras, competentes, empenhadas. São poucas. E geralmente são as ostracizadas. A maioria é movida pelo tamanho dos seus egos. Conflitos e emaranhados jogos de poder numa hierarquia que não devia sequer existir. Sem falar na imaturidade de contratações recentes. Sentem-se estrelas em ascensão (pudera, entram com regalias e salários que quem já cá está não tem), como se viessem salvar a empresa que, bem, já funcionava e resultava antes delas entrarem.
Este ambiente angustia-me. Suga-me a boa energia, a vitalidade. Empurra-me para a porta de saída porque cada vez mais é desconfortável estar aqui.
Sinto não ter lugar. E é estupidamente desconfortável esta sensação.
Ao atualizar o GoodReads há dias: já leu 28 de 25 livros.
Comecei o ano com uma realista meta de 15 livros num ano.
Em maio recebi o Kobo como prenda de anos.
E passei a ler muito mais.
Alterei o objetivo de leitura para 20, depois para 25 livros.
Já li 28.
Eu sei que este número para as booklovers é uma "terça de manhã".
Para mim é um recorde, e estou muito contente. Pelas leituras em si, acima de tudo, e pelo número atingido que mais que um número, para mim significa: mais tempo de leitura, menos em redes sociais a pastorear o cérebro.
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