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Ontem, ao ir ao Hospital Veterinário para a dose diária de antibiótico por via intravenosa, não ouvia o Patinhas. Cheguei a pensar com os meus botões se teria efetivamente colocado o gato na transportadora.
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Ontem, ao ir ao Hospital Veterinário para a dose diária de antibiótico por via intravenosa, não ouvia o Patinhas. Cheguei a pensar com os meus botões se teria efetivamente colocado o gato na transportadora.
Com o problema de saúde do Patinhas, agora há medicação diária a administrar. Por via oral. Este fim de semana houve mais um episódio que o levou a ir de urgência para o Hospital Veterinário, três dias de internamento. Teve alta e veio com dois antibióticos para tomar, de 12 em 12 horas. Via oral. Comprimidos. Pelo menos durante 10 dias.
Ao segundo dia já me apetece trepar paredes, arrancar cabelos e espetar um garfo nos olhos.
Depois vejo tutoriais destes e penso que a minha sorte é morar num RC. Saltar janela fora não será um grande estrago. O mesmo é válido para o gato
Grupos de Facebook. Daqueles em que a ideia é pedir dicas, sugestões, recomendações. Por exemplo: um serviço de canalizador, ou recomendações sobre o melhor frango de churrasco da zona X. Ou por exemplo, como uma publicação que vi ontem, na localidade Y se alguém sabe se há aulas de yoga ou pilates. E depois vêm as respostas. Ahhh as respostas. Pegando no exemplo que acabei de dar, as respostas eram uma panóplia de sugestões. Pena que quase nenhuma seja no enquadramento geográfico solicitado.
É quase como perguntar onde se pode comer uma boa francesinha na cidade do Porto, e uma alminha recomenda um determinado sítio em Braga.
Entre fases em que estava consistente e fases em que parei por completo, o yoga começou a fazer parte dos meus dias e do meu ritual de autocuidado. Noto quando passo dias sem praticar 5 minutos que seja. É mesmo verdade. O corpo dá sinais ao fim de uns dias em que não vou ao tapete. E é o suficiente fazer uns alongamentos sincronizados com a respiração (exemplo é a sequência conhecida por saudação ao sol, da qual pode haver difentes versões). O suficiente para sentir logo outra leveza nos ombros, na postura geral do corpo. O suficiente para acalmar. A respiração consciente é um eficaz recurso para nos trazer ao presente e acalmar as emoções e os pensamentos em loop.
Estou numa fase de ser consistente. Encontrei no Instagram um desafio de 10 minutos de yoga em 28 dias e aderi. Tão bom! Ainda não estou a fazer todos os dias, e ontem por exemplo, para colocar as práticas em dia, segui os últimos 4 vídeos, dos últimos 4 dias. Foram pouco mais de 40 minutos em movimentos fluídos, seguindo o ritmo da respiração. No fim, no momento do relaxamento, a magnífica sensação de me terem saído algumas toneladas de cima.
O que me custa agora, assim muito muito muito, é, pela manhã, sair debaixo do edredão quentinho e enfrentar o frio siberiano que se tem feito sentir.
Volta verão, tenho tantas saudades tuas!
Há momentos que tenho empatia por ti. Como mulher. Lembro-te da tua dor. Da tua desilusão. Da queda dos teus sonhos. Do estilhaçar da frágil felicidade que viveste naqueles meses. Tive momentos que até cheguei a sentir culpa por ter destruído o teu sonho idílico. Ficaste à espera, na ilusão de seres a mulher especial, melhor que todas, melhor que eu. Ficaste à espera que ele me descartasse para, enfim, ser livre para ti, todo teu, só para ti. Lamento que na minha dor aguda, quando descobri a vossa história, tenha provocado a tua queda do pedestal de deusa.
E tu? Lamentas a dor que me trouxeste? Como mulher? Como mulher sabes o que dói, como nos destrói uma traição? Uma traição para a qual contribuíste em plena consciência, num egoísmo desmedido, numa arrogância ímpar. Espreito as tuas lições espirituais de vida e cura e caminho para a felicidade e só me atravessa a lança do teu egoísmo. Para seres feliz destruíste outra mulher. Uma mulher como tu. Com as suas vulnerabilidades, feridas, imperfeições.
Não quero julgar-te. A sério que não. Vi a tua dor. Também sofreste. Todo o teu conto de príncipe encantado ruiu qual castelo de areia fina e translúcida. Também atravessaste um caminho de sofrimento, também tiveste de te curar e reerguer. Quiçá algures com sentimento de culpa. Quiçá não. Culpa de procurares ser feliz? Pois… e quais os limites para “procurarmos” ser felizes? É aqui que vejo egoísmo e arrogância, e sim, não querendo, estou a julgar-te. Tu sabias. Sempre soubeste. De mim. Não me conhecias, é certo. Sabias de mim. E se hesitaste, acabaste a ceder. Para seres feliz. Quebraste-me. Destruíste-me. Era nos escombros da alma de outra mulher que erguias o teu castelo de felicidade.
Um dia vou olhar para trás só com gratidão. Talvez, um dia lembrar-me-ei de ti apenas com gratidão. Ainda não consigo sentir só gratidão. Ainda sinto dor quando me vem à memória fragmentos desse passado onde estiveste presente. Ainda me corta o ar essa memória que acorda, sem aviso, e me lembra esse tempo, que era teu, onde eras tudo. Ainda sofro. Ainda sinto raiva. Ainda me dói(s), nesse instante fragmentado de tempo.
Há uma mágoa cristalizada no meu peito. Um ferida que ainda se abre e dói demais. Esfarrapa-me por dentro, atira-me para o lodo da desvalorização: eu não sou suficiente, eu não mereço esse esforço ou dedicação, eu não sou importante.
Puta que pariu, como o egoísmo de uns destrói o amor próprio de outros.
Vem, raiva. É à raiva que me agarro para sair do lodo. É a raiva que me faz gritar e agir. A raiva leva à ação. Porque me dá força para me levantar, e sair do buraco onde me coloquei. Outra vez.
Ter noção que o caminho é feito de avanços e recuos, de progressos e retrocessos não faz doer menos num momento de retrocesso. Sinto cansaço. Sinto frustração. Sinto-me perdida, porque voltei atrás e agora temo não encontrar novamente o caminho para seguir em frente. Há aquele momento que tudo quebra dentro de mim. Sinto cada estilhaço a cravar-se na minha pele. Sangro, choro, isolo-me. Estou ferida e frágil e não quero ser vista. Tenho medo. E não sei estender a mão para pedir ajuda.
O gás natural passou a ser fornecido por unicórnios que se peidam, não? A julgar pelo valor da mais recente fatura de gás, só pode ter origem em algo extretamente raro e valioso.
Se estás triste, ouve salsa.
Em vez de lágrimas dás por ti a marcar o ritmo com o pé e com uma enorme vontade de saltar da cadeira e dançar. Dançar. Apenas isso. Dançar ao som quente de uma salsa cubana. E o isto faz tão bem à autoestima, que a tristeza começa a recuar, a sair de fininho.
Hoje atingiu-me a dor que trago na memória. Ou será a memória dessa dor? Ou serão as memórias que reavivam a dor?
Será que ainda dói, ou é apenas a dolorosa memória da profunda dor que senti?
E estes picos de raiva que vêm e me consomem? A intensidade é menor, sim. A duração também. Mas ainda vem. Esta raiva pelo egoísmo de outrem, por me terem ferido de morte sem medirem consequências.
A raiva passa logo. Vem como uma onda que me faz fincar os pés para para não me derrubar.
Já a dor, ou a memória da dor, essa fica mais um pouco, num embalo a marulhar, conforme vem e arrepia todo o corpo até à alma, vai deixando-me os pés mais assentes na areia.
Hoje é um dia em que a dor veio. E acolho-a para que cumpra o seu propósito. A seguir há-de ir. E quando for, as minhas raízes estarão mais firmes, um pouco mais profundas.
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