E eis que, finalmente, fui ver o filme do momento que tanto tem dado que falar. Não li, nem pretendo, ler os livros. Portanto, vou apenas e só falar do filme.
Não ia com expectativas altas, aliás ia muito numa de acabar por dar umas boas gargalhadas a gozar com o filme, tendo em conta que fui com amigos que iam com o mesmo estado de espírito que eu: nenhum de nós leu os livros e todos ouvimos e lemos muita coisa sobre o tema.
A Fátima resume bem a essência do filme. Mas discordo do "bom filme". Banda sonora impecável, cenários bons, boa fotografia, mas o argumento e a representação deixam muito a desejar.
A sensação com que fiquei é que a intenção da autora da história era misturar uma série de elementos, e se tivesse corrido bem tínhamos, efetivamente, uma grande história, mas não correu. Passo a explicar: vi uma pseudo história de amor, o cliché da jovem inexperiente, tímida e ingénua que se apaixona por uma bonito e rico rapaz (como a Fátima disse, a Cinderela dos tempos modernos). Romance que é romance tem de ter as suas complicações e temos um rapazola com ares de empresário de sucesso, de personalidade forte e dominadora, mas que na verdade é um traumatizado cheio de complexos por resolver. A personagem feminina cresce ao longo do filme: começa como uma jovem tímida, de postura totalmente submissa, sonsinha mesmo, com aquele ar de quem queria um buraco no chão para se esconder, mas é ela que vai crescendo e dominando. Funciona quando se percebe que o suposto dominador é, na verdade, um puto assustado e submisso, que criou toda uma carapaça para se proteger dos seus medos: o magoa para não ser magoado. Só que pouco adianta este crescer da Anastasia, quando o Grey fica ali, panhonha, armado em lobo mau, com cara de cordeiro assustado.
A parte do BDSM é, digamos, o picantezinho nesta história. E picantezinho mesmo, porque quem se impressionou com aquilo dá vontade de perguntar se conhecem mais do que a posição de missionário. Tanto show a mostrar aquela sala artilhada de brinquedos, e vai-se a ver, não se viu nada de especial que não se pudesse fazer num quarto normal. Fraquinho. Uma das amigas que estava connosco às páginas tantas pôs-se a jogar no telemóvel... eu comia pipocas com enfado.
Aborrece o filme ser 99% apenas com as duas personagens. Pouca interação há com outras personagens, a trama fica reduzida apenas aos dois e isso exige que os diálogos sejam bem explorados, completos e complexos, já que deles depende toda a história. Falha enorme. Há momentos que se tornam ridículos tal é a carga dramática que lhe querem impor, sem sucesso. Fica forçado, demasiado forçado, sendo gritante a falta de química do suposto par romântico que devia soltar faíscas de tão arrebatada paixão. Fraquinho.
Pronto, é isto.