As Gémeas de Auschwitz
O tema do Holocausto não está no meu leque de preferências de leitura. Avestruz me confesso, sabendo que houve este período demasiado cruel e macabro na história mundial, enfio a cabeça na areia e não procuro testemunhos ou detalhes de quem viveu na pele esta tamanha falta de humanidade.
Uma colega de trabalho que partilha a paixão pela leitura tem andado virada para livros desta temática, e quando nos cruzamos na hora do café, lá me vai falando das suas incursões literárias sobre Auschwitz. Emprestou-me há pouco mais de uma semana este livro, dizendo que era levezinho, para eu começar a ler sobre o Holocausto.
Saí da minha zona de conforto. Abracei o desafio e li o livro. Efetivamente é uma leitura simples, um livro pequeno, um relato de memórias, o Holocausto na perspetiva de uma criança que, sem grande noção do que se passava à sua volta, lutou com uma coragem hercúlea para sobreviver, juntamente com a sua irmã gémea, às experiências macabras a que eram submetidas e à vida no campo de concentração.
Pode não ser muito pesado, com descrições detalhadamente cruas dos horrores que se viveram naquele local, mas não deixa de ser um relato emotivo, que deixa um nó na garganta, um aperto no estômago. Fez-me torcer por estas meninas, como por todas as outras crianças a quem a infância foi roubada, que ao sobreviverem a Auschwitz ainda tiveram mais desafios pela frente, já que haviam perdido o rasto de familiares, perderam os seus bens, a vida que conheciam antes de Auschwitz não ficou à espera tal como era. Desaparecera para sempre. Sobreviveram ao campo de concentração, mas a luta pela sobrevivência ainda não terminara.
De reter a enorme humanidade e humildade desta sobrevivente que perdoou quem lhe fez tão mal. A lição do perdão e do bem que faz a todos.
Um relato de luta, de vida, de esperança, de sobrevivência, de saber perdoar.