As palavras que guardo… e nunca te direi! (exercício de escrita criativa)
O que há em mim é, sobretudo, palavras. Dispersas no eco do que não disse. Guardadas a sete chaves no mais profundo de mim, como segredos que não se confessam… nem às paredes.
O que dói em mim é, sobretudo, palavras. Agudas na subtileza do silêncio que as condena. Pesam-me e queimam-me num fogo que arde sem se ver, em ferida que dói… e sinto.
O que guardo em mim é, sobretudo, palavras. Escondidas na cobardia do sentir, embrulhadas no medo da verdade que carregam. Da ilusão que dissipam.
Tanto que não te disse. E tanto que te disse e se perdeu no infinito do caos. Apagadas pelo tempo, gravadas na dor da memória, trouxeram o medo de libertar mais palavras. Não interessam os porquês que ficaram por responder. Tão pouco os pedidos de desculpa que ficaram por dizer depois dos que foram ditos e ignorados. A dor que as palavras ditas trouxeram fez-me trancar a sete chaves as outras, esmagadas na condenação do medo. E são essas que bailam num descompasso, em atropelo, que arranham e ferem e ecoam neste precipício a meus pés.
O que há em mim é, sobretudo, palavras. Palavras tão cheias de nada, tão despidas de tudo. Palavras de paixões violentas e amores intensos, palavras de vida sonhada, palavras de sonhos vividos… palavras ocas, levadas pelo vento, envoltas na neblina da maré.
As palavras que guardo… e nunca te direi! É isto que há em mim. Sobre Tudo.