Deixar a vida acontecer
Perdi a conta às vezes que abri o editor de texto e voltei a fechar sem escrever uma palavra.
Ando pouco ou nada inspirada para escrever.
O aniversário passou-se. Este ano eu até tinha pensado fazer uma jantarada com um grupo de amigos, o que para uma pessoa como eu, que não vibra com o aniversário, era assim uma coisa pouco vista. E eis que a pandemia suspende planos e a vida como a conhecíamos. Há que reajustar. Depois custou encaixar que já cá contam 39. É que não me sinto nada com essa idade e pensar que para o ano entro nos 40 dá-me assim um ataque de pânico.
Ok, já passou.
Os dias têm passado nesta rotina já instalada. Continuo em teletrabalho e continuarei. As previsões de regresso apontam para setembro. São previsões, portanto valem o que valem. Pode ser antes, pode ser depois, depende de muita coisa.
Há novas possibilidades que antes no corre corre não havia. Vive-se com mais vagar, sem ser a contra-relógio. Aliás, só olho para o relógio durante o dia quando estou no PC a trabalhar. E este viver o tempo sem a pressão do relógio tira logo uma boa dose de stress e ansiedade de cima. No entanto pode haver outras fontes de stress ou ansiedade. E para isso contribuem muito as redes sociais. Tenho filtrado imenso. Para não me sentir frustrada e culpada por não tirar 4h (pelo menos) do meu dia para exercício físico, por não fazer pão ou bolos todos os dias, por não me vestir, calçar e maquilhar como se fosse para uma festa...
Eu estou a trabalhar. Começo por volta das 9h30 e é até às 18h30, 19h. Desde que comprei a bicicleta indoor que faço uma sessão de 30 minutos de manhã. O que implica que assim que acabo, e depois de alongar um pouco, vou tomar um duche, visto-me e vou tratar de comer um bom pequeno almoço. Quando dou o dia de trabalho por terminado, não, não me vou pôr a fazer vídeos de fit e do raio. Vou lanchar com o Gandhe, vou até ao sofá, leio ou vejo tv, conversamos. Vou tratar do jantar. Se houver roupa para tratar ou outra coisa para fazer em casa, faço. Jantamos nas calmas, arrumamos cozinha. Banho, hora do chá e mais um pouco de sofá a ver ou um episódio de uma série ou a ler um pouco, por norma ambas. Há dias que adianto o pequeno almoço e deixo as panquecas (por exemplo) preparadas de véspera, quer para ele que sai de casa às 5h30, quer para mim. Estou bem assim e sem pressões, sem comparações, sem correrias para fazer mil e uma merdas que os outros "dizem" fazer. A minha vida não anda à volta das redes sociais. Não vivo para e em função delas, portanto não tenho de me comparar com o que os outros fazem e mostram ao longo de todo o dia... mas é inevitável, não é? Vamos até ao Instagram para "relaxar" e levamos com uma overdose de pão, bolos, receitas várias, outfits e dicas de organização, e muito muito muito exercício físico. Temo que depois da pandemia os ginásios não terão clientes. Logo este ano que o acesso às praias estará condicionado, é tudo com corpos danone a querer desfilar. E depois o comum mortalzinho do outro lado sente-se uma nulidade porque não consegue fazer nem um terço... que nódoa! Só que não... e é preciso ter mesmo uma grande capacidade para filtrar muito do que se vê nas redes sociais.
Encontrei, por ora, o meu equilíbrio e estou bem assim.
Nas leituras ando com um bom ritmo, não porque esteja em competição, mas porque estou a adorar ler a série da detetive Erika Foster do autor Robert Bryndza. Ainda não vim aqui deixar o meu feedback, porque acho que vou ler os 6 livros de enfiada (já vou no 4º, portanto já não falta tudo...) e depois escreverei sobre toda a série.
Um bom fim de semana... deixem a vida acontecer ao vosso ritmo, sem pressões e sem comparações.