Levaram Annie Thorne: leitura da primeira quinzena de maio
Já li este livro há umas duas semanas. Ainda não consegui falar dele.
Primeiro, vou dar um desconto por ter devorado dois volumes da saga Sebastian Bergman, pela qual estou totalmente viciada e apaixonada, portanto, qualquer livro que lesse depois dessa leitura compulsiva era um ato inglório.
Segundo, li O Homem de Giz, opinião aqui, e gostei, portanto não hesitei em partir para o segundo livro da autora.
Tem inúmeras semelhanças com o seu antecessor: a trama é-nos contada por uma personagem, que como narrador é altamente subjetivo e falível. Os factos narrados são os que ele conhece, ou presume conhecer, as verdades que sabe, ou presume saber. E é nesta visão altamente subjetiva e parcial de factos e de verdades que vamos sendo guiados pela sua voz, uma personagem que nos dias de hoje é um adulto pouco recomendável moralmente, professor de inglês, viciado em jogo, com problemas de dívidas e envolvido com pessoas que ninguém deseja ter como inimigos. No passado revê-se como um adolescente algo introvertido, mas que faz de tudo para pertencer ao bando dos durões lá da escola, ainda que isso lhe traga muitas dúvidas e alguns conflitos interiores. Mais uma vez a história é um complexo puzzle. Um puzzle onde as peças do passado e do presente, com um lapso temporal de 25 anos, se vão encaixando, vamos descobrindo personagens e os seus segredos mais obscuros, as meias verdades, o que parecia ser e nunca foi, até chegarmos ao fim e podermos olhar para um todo e, então, perceber tudo, ou quase tudo.
Confesso: não gostei tanto como do primeiro livro da autora.
Há neste livro um elemento que não sou particularmente fã e acho que estraga um bocado o thriller: o tema do sobrenatural. Ou então foi mal explorado no enredo e daí ter deixado algumas pontas soltas que, a mim pelo menos, me deixaram meia sem perceber que raio se passou com Annie Thorne, que raio de segredos sombrios esconde toda uma vila e as suas misteriosas minas.
Ainda assim, o balanço é positivo. A autora tem uma capacidade muito interessante de jogar com os enredos, misturando peças, confundindo o leitor, guiando-o por caminhos sinuosos, onde a qualquer momento há um desvio qualquer inesperado e que faz o leitor voltar à estaca zero, quando estava convencido que tinha achado o fio à meada.