Nas palavras dos outros vejo-me ao espelho
Hoje bati com os olhos numa crónica. Na hora de almoço, enquanto aguardava pelo plim do microondas, passeava os olhos pelo mural do facebook e algo me chamou a atenção. Abro o link. Leio de um trago o texto e sinto aquele arrepio de quem recorda um pesadelo.
Ouvi tanto isto. Ouvi tantas das coisas descritas neste texto. Vivi outras tantas. É duro. Foda-se, é mesmo duro. E não tem cura. É um vazio e uma mágoa que nos acompanha até ao fim dos dias. Conforta-me a coragem de ter virado costas, de largar, de procurar viver em vez de sobreviver. Conforta-me saber que há outras pessoas com histórias de vida familiar semelhantes. Que ouviram as mesmas coisas, que sentiram as mesmas coisas, que sofreram de igual forma. Conforta-me saber que a culpa não é minha, que o monstro não sou eu, que contra quem mais me devia apoiar e gostar de mim, eu procuro ser feliz como sou.