Quarentena: dia 15
Ontem foi um dia de trampa. Chuva, frio (muito frio), um humor de caca. Ontem estava boa para me enfiar debaixo de uma manta e hibernar.
Felizmente hoje o humor está melhor, o tempo também. Tenho a janela do escritório um pouco aberta, pelo que ouço facilmente o que se passa na rua. Seria de ouvir silêncio, quando muito os sons da natureza primaveril. Só que não. Ouço pessoas. E uma teve o desplante de dizer: está bom para andar na rua (deduzo que se tenha cruzado com alguém conhecido).
E é isto. Tivesse eu um balde de água aqui à mão e era logo pela janela, sem dó nem piedade.
Vou achar que sou supé influencer e as marcas ouviram-me. Agora as newsletters são sobre a tendência fato de treino e até já criaram um separador #stayhome, com propostas várias de modelitos. Eu até percebo, lojas fechadas, o prejuízo, faturação a cair a pique, têm de recorrer a estratégias para colmatar a quebra das vendas. Só compra quem quer...
As newsletters das marcas a apelarem ao consumo, eu ainda entendo. É negócio. Das vendas dependem postos de trabalho, objetivos de faturação, toda uma estrutura empresarial a manter. O que já me custa a engolir são as influencers e pseudo influencers a apelarem ao consumo. Sejam coerentes, foda-se. Por um lado é toda uma lista de dicas e ideias para estar em casa. E as lições de vida e humanidade que se retiram deste isolamento social, coisa mais profunda, a la Gustavo Santos. Por outro é mostrarem merdas que são realmente essenciais para ir à varanda apanhar vitamina D nos cornos, como sapatilhas para cima de 100€. Espero que sejam bem recompensadas pela "prostituição" que fazem da sua imagem nas redes sociais.
Ah e tal e coiso estás com dor de corno porque não tens marcas a pagarem-te ou a oferecerem-te cenas. Pois não. Porque não quero. Porque os emails que recebo com essas propostas vão diretos para o caixote do lixo.
Esse tipo de publicações e as pessoas que andam na rua a dizer alto e bom som "está bom (tempo) para andar na rua" iam direitinhas para um sítio onde o sol nunca chega. Um buraco negro em Plutão, estavam a pensar o quê?!
Por aqui atingiu-se o 15º dia de quarentena, sem sintomas. Portanto, ao fim de 14 dias é de presumir que o vírus não me apanhou.
Até já estou aqui a pensar que para festejar vou encomendar umas sapatilhas fashion para ir à rua aproveitar o bom tempo... (estou a ser irónica, ok?!).