Só mudou mesmo o ano...
Tudo aponta para que estejamos na iminência de novo confinamento geral. Tudo fechado. Tudo em casa.
Agora apontam-se dedos por causa das reuniões natalícias. Curioso. Nos dias que antecederam o natal, sentia o olhar de piedade quando respondia que o natal seria a dois, em casa, com os gatos. Enquanto via a azáfama dos planos para conseguirem ir à família de um lado e depois à do outro, ou outras pessoas a sacrificarem não estarem com familiares de um lado mas a não saberem dizer "não" a outros que insistiam, eu tranquila da minha vida a saber que o natal seria em paz e sem fretes, com a família que tenho todos os dias. Levei com olhares de pena. E tive de lidar com a piedade alheia quando por dentro rejubilava por ter um natal tranquilo, em paz, na minha casa, com a minha família de todos os dias.
Agora trocam-se acusações como se uns fossem santos e outros pecadores.
O que me aborrece no dia de hoje é ter-me visto obrigada a deslocar-me à extensão de saúde da minha área de residência, porque na semana passada, todos os dias, todos, liguei 5 a 6 vezes por dia e nunca, NUNCA me atenderam o telefone. Manifestei hoje a minha indignação. Não se admite, em tempos de pandemia, em que nos pedem (exigem) para não fazermos deslocações desnecessárias, as tenhamos que fazer porque não há uma alminha que atenda o raio do telefone para dar informações.
Não é só a mentalidade das pessoas no geral, e das que quiseram um natal igual aos anos anteriores, que se enfiaram nos centros comerciais (eu também lá passei, apedrejem-me) ou que se juntaram com familiares que possivelmente não viram durante praticamente todo o ano. Há muita coisa a funcionar muito mal neste país, que 10 meses depois do início da pandemia ainda não aprendeu nem reajustou serviços à nova realidade. Andamos feitos tontos, ao sabor das marés, que pelo estado caótico da coisa, só podem ser marés vivas.
Estamos a um passo de novo confinamento geral. Lá terá de ser. Aguentemos. O lado bom? Já sabemos o que nos espera. E alguma coisa aprendemos com o confinamento anterior, como por exemplo, o papel higiénico não vai esgotar.