A hipocrisia das redes sociais
Há umas semanas atrás estive a cuscar o site da Shein, secção swimwear.
Coincidência ou não, na mesma altura apareceu-me nas sugestões do Youtube um vídeo, acabadinho de publicar, de uma (creio) youtuber nacional no qual experimentava e dava o feedback de bikinis comprados no Aliexpress. Fui ver pela curiosidade de perceber qual seria a opinião e como vestiam estes bikinis comprados por via destas plataformas de vendas online.
Se venho falar do que achei dos ditos bikinis? Nem por isso. Talvez o facto de não ter voltado a ir espreitar e tão pouco arriscar uma encomenda fale por si.
O que me fez uma espécie de reação visceral ao dito vídeo foi a youtuber em apreço pedir desculpa aos seus seguidores e pedir a sua compreensão porque não estava na sua melhor forma física, que se encontra em processo e emagrecimento e portanto, "pessoal, tenham lá calma com as críticas que eu sei que não estou no meu melhor" (parafraseando).
E só me passou assim uma coisa pela cabeça...
A sério? A sério??? Não é suposto andarmos nesta luta para derrubar estereótipos e padrões de beleza absurdos e irrealistas, louvar a beleza dos corpos, seja qual for o tamanho que vestem ou a forma que têm?
É esta puta desta hipocrisia das redes sociais que me tem afastado de lá. Cansada de ler ou ouvir discursos apologistas do bem estar emocional e mental, amor próprio, respeito por si própria, aceitação e o camandro, para depois as mesmas oradoras publicarem as suas fotos e stories dos seus corpos esculturais, em posições de yoga em que o 3º olho deixou de estar entre as sobrancelhas para estar entre as nádegas (normalmente acompanhado do peach emoji, que claramente não é uma alusão à fruta mas às nádegas firmes e hirtas). E as que não têm os corpos esculturais dignos do peach emoji, pedem desculpa e justificam que estão em processo de perda de peso. Ora fodeibos!!!!!
E lembrei-me de partilhar esta publicidade da Dove, que é tão crua e real, para lembrar que está nas nossas mãos inverter os danos que a pressão das redes sociais e os padrões ridículos de beleza causam na autoestima de todos(as) nós. Um grande basta a isto de termos de caber todos dentro do mesmo molde. Não somos "ovelhas Dolly". Não somos feitos numa linha de montagem, moldados dentro do mesmo espartilho.
E não será esta enorme diversidade de tamanhos e formas a beleza da nossa espécie?