Terminei a semana com um peso cá dentro. Algo a sufocar-me. Uma vontade de chorar de raiva, de revolta, de stress. Uma vontade de engolir essas lágrimas, porque são inglórias.
Para não andar a matutar no que tanto me incomodava, passei o fim de semana a ocupar-me com tudo e mais alguma coisa. Limpei, arrumei, fui lanchar à praia com amigos, fui jantar ao Agitágueda com outros amigos, passei a ferro, e todos os bocadinhos que tinha livres, pegava no livro e evadia-me para outro mundo.
Agora estou aqui com aquele ataque de ansiedade, amanhã começa mais uma dura semana, e eu a ranger os dentes com um neura descomunal por ir para junto de pessoinhas de merda trabalhar. Amanhã tenciono entrar mais cedo, antes de todos chegarem, organizar o meu dia, que não vai dar para tudo, mas aceito isso. Não aceito é que me cobrem aquilo que as outras meninas lindas não conseguiram fazer. E sinto-me num limbo. Se não consigo suportar a carga que me deram, serei a incompetente, a ineficiente. Se conseguir, seja a que custo for, então continua assim porque estás a ser capaz e ainda te podemos carregar mais um bocadinho, que é de pessoas idiotas que a malta gosta.
Na sexta o ambiente era pesado. Ouvi comentários que me revolveram as entranhas. Respondi ácida a algumas provocações, até enfiar os phones nos ouvidos e passar a tarde "isolada" no meu canto a trabalhar feita galega.
A vontade é entrar muda e sair calada, e começa já amanhã. Sou uma gaja muito porreira, sempre disponível para ajudar e cooperar, mas quando me lixam, quando me pisam os calos, oh não me queiram ver. Não é uma ameaça, é um aviso.
Faltam três semanas para ir de férias. Por isso é inspirar, expirar, esforçar-me por não pirar... esperar para ver quanto tempo dura o tal "provisório", definir bem quais são as minhas funções, e a manterem-se as que têm sido e que motivaram o meu recrutamento para aquele setor, então tenciono solicitar mudança de gabinete e ir para junto da pessoa com quem realmente tenho trabalhado em equipa nos últimos meses, cujos resultados positivos estão cada vez mais à vista. Por isso não entendo esta treta de me atirarem funções das outras, porque coitadinhas, não conseguem. E hei-de eu conseguir acumular funções distintas, de diferentes áreas de intervenção, e ter de dar vazão a tudo e mais um par de botas até quando? E esperam qualidade? Ah ah ah ah
Estou deveras chateada por me estar a sentir assim. Eu que sou pelo bom ambiente de trabalho, pelo coordenar tarefas em equipa, pela interajuda. Só que não se pode remar contra a maré, quando se trabalha com pessoas para quem o trabalho em equipa é algo deste género:
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Preciso de coragem para enfrentar os dias que aí vêm, mergulhar no muito que tenho em mãos para fazer, dar o meu melhor, e conseguir chegar ao fim do dia de consciência tranquila de quem fez o que podia, o melhor que sabia. Sem sorrisos, sem simpatias, até porque de pouco valem quando temos um alvo nas costas sempre pronto a levar com a facadinha.
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