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Estórias na Caixa de Pandora

Contém merdas que não te interessam...

Estórias na Caixa de Pandora

Contém merdas que não te interessam...

13
Jan25

Da perda ao seguir em frente

O ano 2024 terminou com uma perda. Mais uma, considerando que da família de 4 gatos, um partiu em setembro de 2022, outro em março de 2023, e agora mais um em 28 de dezembro de 2024. Curiosamente começou do mais novo para o mais velho. Deste gang de 4, sobrevive o mais velho, quase a completar 19 anos.

A perda de um animal de estimação é dolorosa. Para mim é um elemento do meu núcleo familiar que se perde, e dói. Seja quais forem as circunstâncias. O Gordo partiu por ele, libertando-me daquela que é sempre uma decisão difícil de tomar. Escolheu partir quando eu me ausentei e estava longe. E caramba que doeu tanto. 

No dia 27 ele passou o dia bem, comeu com o apetite voraz dele, estava o normal dele. Deixei-os ao fim do dia no hotel onde já tinham estado, com a cuidadora que já conhecem e com quem se deram bem desde início. Refilou com as vizinhas da box ao lado, estava igual a ele próprio, sem eu perceber qualquer sinal do que estava para vir. Na manhã seguinte, bem cedo, estava já no aeroporto e liga-me a cuidadora do hotel, aflita, a dizer-me que ele estava prostrado, sem reação. Liguei ao Hospital Veterinário, ela levou-o de imediato. Já dentro do avião, prestes a descolar, atendo a chamada da veterinária que estava de urgência. Dá-me ponto de situação, faz-me questões sobre o estado dele desde setembro (última vez que ele tinha estado no Hospital), e diz-me que vão fazer tudo para o estabilizar para, então, fazer recolha de sangue para análises. Ao início da tarde, acabada de chegar ao hotel, recebo nova chamada da veterinária: não o conseguiram estabilizar, ele entrou em paragem cardio respiratória. E eu ali, ao telefone, sem ar, sem palavras, com a cabeça a passar em revista os últimos dias, à procura de algum sinal que me possa ter passado despercebido. À distância, com sentimento de culpa por não estar com ele, por não me ter despedido, por não ter percebido algo... foda-se!

Gerir assim o luto foi difícil, e ainda a digerir a notícia da perda, logo veio a preocupação com o que ainda vive e estava sozinho, e fora do seu ambiente seguro, a casa. 

Mal cheguei de viagem e o fui buscar, notei a tristeza. Ao contrário das outras vezes em que fica uns dias em hotel, regressou a casa e não amuou com os donos pelos dias de ausência. Triste, numa carência de atenção, não queria estar sozinho. Os primeiros dois dias em casa miava e procurava pelo companheiro. Deixou de o procurar. A tristeza e solidão manteve-se.

Por ele, por não estar habituado a estar sozinho, porque é um gato dócil, meigo, sociável, decidi procurar um novo companheiro. Contactei uma associação, que até à data não me respondeu, contactei uma rapariga aqui da região, Marta Avó, que desenvolve por sua conta um projeto de resgate, reabilitação e adoção de animais. Expliquei o contexto, indiquei que procurava não um bebé, mas um gato jovem adulto ou adulto, que fosse sociável e dócil com outros gatos. Mandou-me fotos de alguns, um breve descritivo, e foi difícil escolher só um e não ficar com todos os que ela sugeriu. A Marta foi de uma disponibilidade e gentileza extraordinárias, um ser humano incrível e inspirador.

Será hoje ao fim da tarde a concretização da adoção. Encontro marcado no consultório da minha veterinária, para check-up e colocação de microchip, a única condição que ela exige no processo de adoção. 

A vida segue. E não estou a substituir nenhum dos gatos que já perdi, porque são insubstituíveis. Estou a seguir em frente e a dar oportunidade a um animal, que já passou pelo abandono, de ter uma família que cuide e o ame. Ainda não chegou e já é muito bem vindo. Estou confiante que o gato da casa também dará as boas vindas ao novo companheiro. Depois de umas bufadelas ao "intruso", depressa estarão amigos e companheiros a partilhar o sofá, a manta, o amor dos donos  

 

21
Fev19

Terapia em dia de luto

 

04
Fev19

Uma histórias de gatos (é longa, por isso, aviso já a quem não interessar o tema, pode clicar ali no botão no canto superior direito e seguir para outro blog)

01.jpg

E assim começa uma história... Pandora, amante de animais no geral, gatos em particular, vai alimentando e cuidando, como pode, de uma colónia de gatos na rua onde mora. Em agosto apareceu um minúsculo bebé preto, pelo qual me afeiçoei logo. Alimentei-o meses, a cada dia ia ganhando a sua confiança, mas nunca me deixou tocar-lhe ou aproximar-me muito. Esperava por mim, quando me via vinha ao meu encontro de rabito no ar, a miar, e lá ia para o cantinho onde eu (e algumas vizinhas) vamos pondo comida.

Em novembro apareceu aquele tigradinho. Minúsculo. Lindo, apesar do mau estado de gato nascido na rua. Apareceu assim do nada, e rapidamente se juntou ao tal pretinho.

Na noite de 13 de dezembro o pretinho foi atropelado e morreu. Chorei. Chorei bastante. Apesar de nunca lhe ter conseguido fazer uma festinha que fosse, fui cuidando dele, e vi-o crescer e ficar bonito. 

O tigradinho ficou sozinho. Dois dias depois do falecimento do outro, aparecem aqueles dois pretos da foto (na verdade fêmeas). Quando vi pensei que estava a alucinar. Morre um aparecem dois. Isto nunca acaba. A preta mais pequenina deu logo a mão, deixava-se tocar, ronronava quando lhe fazia festinhas. A maiorzinha foi-se mantendo à distância.

No natal sogra calha de dizer que quer mais gatos. Só tem um, o Chico, o chamado "paz de alma", adotado de uma instituição já há uns anos, já gato júnior. Falamos-lhe destes pequenos que tenho andado a alimentar, viu a foto de cima e pediu que se apanhássemos o tigradinho, que o queria. Que é muito lindo e parece ter um pelo muito felpudinho (fez-lhe lembrar um gato cruzado de persa que era o menino dos olhos dela e morreu há cerca de um ano... adorava tanto o gato que ainda hoje fala nele com uma tristeza e voz tremida).

E assim começa a minha missão. Conquistar a confiança de um pequeno gato de rua, sem qualquer contacto humano, puro silvestre. Lá ia alimentando, tentando manter uma rotina de horários. E lá fui começando a ganhar um pouquinho da sua confiança. Quando estava a comer deixava-me passar-lhe a mão no pêlo, por instantes ao início. Encolhia-se todo, aterrado de medo, mas depois foi deixando que lhe fosse fazendo carícias a cada dia que ia passando. E foi assim que o tentei capturar. Três vezes. Das duas primeiras, falhanço total. Assustei-o, virou demónio, torcia-se todo, mordeu-me, arranhou-me, enfim... Deixei passar mais uns dias, nova tentativa, novo demónio. Não vi um gato mau, vi um gato em verdadeiro pânico. Compreendi. Mais um pouco de paciência e nem pensar em desistir. À terceira consegui capturá-lo.

Chego orgulhosa a casa com ele enfiado na transportadora e, ao contrário do que seria de esperar, estava impávido e sereno lá dentro. Nem um miau, nem uma bufadela, nem atirar-se a ver se conseguia sair.  

Ficámos na dúvida se ficávamos com ele em casa para o "amansar, domesticar e sociabilizar" ou se ia direto para casa da sogra. Achámos que, apesar de termos mais capacidade para o processo de socialização (afinal já passámos por um assim), uma posterior mudança de casa poderia ser um retrocesso e novo trauma. Foi direto para casa da sogra. Mais uma vez, a andar de carro nem um miau, nem ai nem ui. Impávido e sereno dentro da transportadora. Sogrinha recebeu-o toda contente, mas explicámos que o gato ainda estava em estado selvagem e portanto deixámos instruções precisas do que devia fazer para o ir amansando.

Ora, a sogrinha, gosta muito de gatos, trata-os muito bem, mima-os até mais não, mas só lidou com gatos já domesticados. Portanto, achou que neste caso era de um dia para o outro que o animal silvestre, com verdadeiro pânico de pessoas, se sentisse à vontade na "casinha, no bem bom e com comidinha da boa". Só que não. Pequeno bicho virou o diabo da Tasmânia, trepou paredes, cortinas, uma verdadeira aflição para encontrar um buraco para fugir. Conseguimos com que entrasse na transportadora, onde, surpreendentemente se sentia seguro e acalmava, e foi para a lavandaria da sogra, divisão grande, onde tem as coisas do gato dela, mas também tem muita tralha onde o pequeno demónio se podia esconder. Sogra insistiu que ali fechado acabava por dar a mão com o tempo. Só que não. Comia, ia à caixa da areia, dormia junto do gato dela, mas quando ela entrava, zás, escondia-se e nada de aparecer.

Ao fim de duas semanas disto, chamou-nos e lá fomos a casa. A captura foi complicada, da qual resultaram mãos de dedos a sangrar (e sim, estavamos com luvas de proteção). Mas quando apanhado, enrolado numa manta para lhe prender os movimentos, começaram as festas. Orelhas, cabeça, queixo, falar baixinho e com muita ternura. Foi acalmando. Começou a ronronar. Tirei a luva, Gandhe disse-me para não o fazer, mas ele precisava sentir o meu cheiro e o toque da minha pele, caso contrário como ia ganhar confiança?

Tomámos a decisão de voltar ao plano A e veio connosco para casa. Preparei tudo numa divisão, espaço controlado, sem buracos ou esconderijos manhosos, a transportadora que ele tanto gostava como porto seguro para ele, areia, comida, água.

Primeira noite em nossa casa, um de cada vez, até fizemos turnos: fechámos-nos com ele dentro da divisão, sentámo-nos no chão, telemóvel ou um livro nas mãos. Olhava para ele e levava uma bufadela, voltava a minha atenção para o livro ou para o telemóvel. Olhava para ele, bufadela. Voltava à minha leitura. Foram horas disto, só ali, presentes mas sem forçar interação, até perceber que a nossa presença não era ameaça. 

Ao segundo dia as bufadelas já não eram tão intensas e deixou-se tocar. Carícias na cabeçita, orelhas, e começou o ronron. Veio ao colo. Horas depois um ligeiro banho (que ninguém entende como consegui), secar com toalha e embrulhar numa manta. Deixou-se ficar até adormecer profundamente. E juro que deve ter sido o seu primeiro sono verdadeiramente profundo da sua curta vida. Dormiu um par de horas ao meu colo, embrulhado na manta, depois mudei-o para a transportadora (já tínhamos tirado a parte de cima) e ali ficou mais um par de horas a dormir. Ia espreitando de vez em quando e nem me sentia, de tão ferrado que estava a dormir.

Os dias que se seguiram foi manter uma rotina. Alimentar, limpar a areia, ir varrer o chão para se habituar à vassoura, barulhos de água a correr, de aspirador, horas de colo e mimos e brincadeira... e o pequeno diabo da Tasmânia transformou-se num pote de mel. E numa menina. Até então estávamos convencidos que era gato, mas não. Saiu uma gata cheia de ternura. 

Veterinária com ela para check up. Contámos a história, ah e tal deve ter uns quatro meses... Afinal não. Dentição completa e definitiva. Tem cerca de seis meses, pesa pouco mais de 1 kg. Tirando uma ligeira constipação (essencialmente espirros) está boa, pulmões limpos, ouvidos limpos, portanto não há infeções. Desparasitada internamente, fezes limpas. Antes da castração, deixá-la estabilizar e ganhar peso. Amanhã vamos novamente à veterinária fazer reavaliação.

A evolução cá em casa. Eu deitada no chão, com ela às turrinhas a mim, num ronronar sem parar, foi assim um momento indescritível. Adora ser escovada, adora mimos e festas, não gosta de se sentir agarrada (medo), portanto pegar nela ao colo nos braços assusta-a. Adora estar ao colo, enrolada nas nossas pernas, brinca até se cansar e adormecer.

Sábado fizemos a mudança para casa da sogra, afinal, vai ser ela a dona (mas agora vá, tenho motivos para lá ir mais vezes fazer visitas ), e na curiosidade habitual de gato de nariz no ar a explorar o espaço, começou a ficar um pouco nervosa. Sentei-me na cadeira, ao lado da cadeira onde estava o gato da minha sogra deitado na caminha dele, e ao colo fui acalmando-a. Por ela, mudou-se para junto do outro gato... e foi isto:

Há histórias com finais felizes. E a história desta pequena está agora a começar. Sei que vai ter muito conforto e mimo. Que vai para o sofá ver as novelas com a dona, e até dormir com ela. Vai ter companhia permanente e um mano mais velho que já a adotou. 

E aqui está o motivo pelo qual tenho andado desaparecida nos últimos dias. Todo o tempo que tinha disponível foi para me dedicar de alma e coração a esta pequerrucha. Parece que vai ser Rita (Ritinha). Acho que fazem uma bela dupla, o Chico e a Rita.

Amanhã já vou estar com a Ritinha para nova visita à veterinária e já vou saber como foram as primeiras 48h na casa nova, casa que ela já conheceu, mas... enfim, é melhor esquecer essa parte.

Sociabilizar um gato silvestre não é fácil. Nem sempre é possível. Quanto mais velhos, a probabilidade de insucesso é maior. É um processo que exige tempo, dedicação, paciência, perseverança. Uns quantos arranhões e dentadas nas mãos. Mas quando se consegue trazer o melhor deles ao de cima, quando se consegue dar a confiança e a segurança que eles precisam para nos retribuírem com o melhor de si, todos os esforços e mazelas valeram a pena.

Quanto aos outros que permanecem na rua, adultos e juvenis, lá vou eu na minha rotina diária alimentá-los, pelo menos uma vez por dia: comida e água limpa. Não consigo tirar todos da rua, não consigo protegê-los de tudo (ainda há duas semanas outros dois foram atropelados e morreram - não foram os da primeira foto), e custa muito ver isso, só que faz parte do risco de um animal que vive na rua, desprotegido.

Não, não comparo animais com pessoas. Para mim são seres vivos, que como nós enquanto seres vivos, sentem fome, sede, frio, medo. Assim como nós, como seres vivos, têm necessidades e precisam de cuidados. Merecem respeito. E dignidade. 

Não, não comparo animais com pessoas. No entanto, já tenho visto nos animais melhores atitudes e comportamentos que em muitas pessoinhas que andam neste mundo. Há gentinha que tinha muito, mas mesmo muito a aprender com os animais. A gratidão, a lealdade e o altruísmo são só algumas dessas coisas. 

 

12
Dez16

Gatices

O meu mai novo, Suki, tem uma mania que me deixa de cabelos em pé. O bebedouro nunca está sossegado. Ora enfia as patas, ora anda com ele de arrastão, até o bicho virar e é água por todo o lado. Já o tenho dentro de um tabuleiro para a inundação não ser tanta, mas mesmo assim ele consegue arranjar maneira de virar o bebedouro de forma a sair do tabuleiro. 

Ora, andei a pesquisar sobre o assunto e os gatos gostam de água fresca, em movimento. Falei com uma enfermeira veterinária, a que lhe faz pet sitting, e ela disse que o mais provável é ele mexer no bebedouro de maneira a ver as bolhinhas de água e assim beber. A melhor alternativa seria uma fonte. 

Começo a investigar as fontes para gatos. Preços, modelos, tamanhos, funcionamento. Procurei feedbacks de quem já comprou para os seus gatos. Pesquiso em vários sites, à procura do melhor preço, claro, e acabei de escolher um modelo que me pareceu anatomicamente ideal para eles, sem aparente risco do bichano o virar, sem que tenha um reservatório de água muito grande para evitar acidentes aquáticos, de simples manutenção.

E a fonte escolhida foi: 

 Zooplus

Agora é esperar que chegue e pôr a novidade à disposição de suas excelências. A ver se deixo de andar de rabo no ar a limpar água do chão. 

 

21
Jun16

Estórias matinais

O gato hóspede que passa a vida no meu terraço, em vez de ir para casa dele, hoje deixou-me um presente. Pela manhã, quando fui pôr-lhe comida, dei de caras com o cadáver de um rato.

Eu sei que o bichinho me quis presentear, mas eu dispenso presentes destes. 

E agora? Chamo o Instituto de Medicina Legal para me retirar o cadáver do terraço e declarar o óbito no local? 

 

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