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Estórias na Caixa de Pandora

Contém merdas que não te interessam...

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29
Dez16

Leituras 2016

Leituras2016.jpg

Em 2015 li 8 livros.

Um dos poucos objetivos de ano novo que tracei para 2016 era ler, no mínimo, um livro por mês. Objetivo cumprido. Em 2016 li 12 livros, estou a meio do 13º, mas só o darei por terminado em 2017, pelo que não o incluo já nesta lista.

Claro que olhando para a Magda eu estou a anos luz de leituras realizadas. A Magda é uma leitora especial e ávida. Não sei como consegue, eu quando for grande também quero ser uma leitora assim. Vá, estou a melhorar. Aos poucos. 

Não leio para bater recordes, até me chateia um pouco quem o faz e quem tece pseudo críticas literárias, com direito a classificação numérica, como já aqui escrevi. Leio por prazer. Leio porque sempre gostei de ler, e sim, já fui uma ávida leitora, que devorava livros de 300 páginas em dois ou três dias, que nas pausas entre exames na faculdade lia livros para descontrair, e olhem que o meu curso era de literatura, não me faltavam muitos livros para ler. Mas a Magda, com o seu número impressionante de leituras, é diferente. Porque lê com paixão. Porque gosto imenso das opiniões que ela escreve sobre os livros que lê, e porque já me pôs a ler livros que eu não tinha ideia de ler, bem como me faz, algumas vezes, ir adicionar um ou outro à minha wishlist na WOOK. Obrigada, Magda, por seres uma verdadeira inspiração como leitora, e não só.

A rotina preenchida, o cansaço de tantos dias, outras tantas tentações para passar o pouco tempo livre e relaxar, tiraram-me tempo para me dedicar à leitura. E é um velho hábito que tento recuperar. Há dias que passo sem ler. Ainda não estou naquele nível de ler todos os dias, um pouco antes de dormir, pelo menos.

Este ano li um livro em dois dias, mas também estive às duas semanas sem ler. O meu ritmo de leitura anda incerto, inconstante, mas a tentar recuperar os velhos tempos de leitora sedenta, aos poucos, conforme o tempo e a disponibilidade o permitem.

Objetivo cumprido. Li 12 livros, dá a média de um por mês.

A grande descoberta de 2016 é, sem dúvida Carlos Ruíz Zafón, curiosamente, faz agora um ano que lia o primeiro livro dele, insistência da Magda, o primeio da saga Cemitério dos Livros Esquecidos, e um ano depois é com Zafón que mudo o ano e fecho a saga. 

Em 2016 li vários thrillers, reencontrei-me com duas das minhas escritoras favoritas, Isabel Allende e Joanne Harris. Desiludi-me com o clássico O Amante de Lady Chatterley. Em 2016 participei, pela primeira vez, num desafio de leitura conjunta (mais uma vez, obrigada Magda) e adorei. 

Para 2017 traço o mínimo de um por mês, um objetivo realista para mim. Mas espero daqui a um ano poder dizer que já consegui ler mais do que os 12 deste ano. 

 

12
Dez16

Sapatos de Rebuçado

Sapatos_de_rebuçado_2016

Na semana passada acabei o segundo livro da saga Chocolate, de Joanne Harris. Gosto da autora, gosto da escrita, da envolvência que cria entre a realidade e a magia, misturando os elementos de forma tão natural, que as suas histórias não chegam ao fantasioso, mas saltitam entre um quotidiano comum, corriqueiro, banal, e uma pontinha de misticismo que lhe dá algum tempero. Gostei muito do livro Chocolate, e como há uns tempos revi o filme, fiquei mesmo com vontade de ler a continuação da saga, saber como estaria Vianne e Anouk. 

E ei-las, quatro anos depois, nos arredores de Paris, numa existência discreta e tão normal quanto possível. É o que Vianne deseja, para poder proteger as filhas: uma existência normal e comum. Por isso abdica das suas artes de feiticeira e toma uma existência sossegada e reservada. Anouk cresceu e é uma pré adolescente que começa a questionar as atitudes da mãe, principalmente com a sua mudança drástica, e agora há a pequena Rosette, uma criança especial e diferente.

Mas todos os planos de Vianne são interrompidos com a chegada de uma enigmática mulher. Tudo nela é simpatia, otimismo, alegria, boas energias, mas o que ela esconde é aterrador. Usa em magia em proveito próprio, não olhando a meios para atingir os seus fins. Uma inimiga implacável que tece um plano diabólico para destruir Vianne, e para o conseguir, conquista-a, como se fossem almas gémeas, irmãs de outra vida, ganhando-lhe a confiança, envolvendo-a numa teia sem que ela se aperceba dos riscos que está a correr. E Vianne, ainda que com muitos medos e receios, muito renitente em voltar a ser o que foi, em voltar a usar a sua magia, vai caindo nas armadilhas até ao momento em que percebe que antes de lutar com a sua inimiga para sobreviver, tem de vencer os seus próprios medos. 

A história é diferente da que conhecemos em Chocolate. Há esta personagem maquiavélica, sem coração, personagem sombria, dá um suspense arrepiante ao enredo, e simultaneamente faz com que Vianne pareça uma tonta ingénua, a quem dá vontade de dar duas estaladas para ver se ela acorda para a vida, tira a cabeça da areia e assume quem é de verdade. Pois a sua fragilidade vem do facto de não assumir o que é verdadeiramente: uma feiticeira. Das boas. Do bem.

No decorrer da história vemos a evolução de Anouk, do seu próprio poder, de como, adolescente que é, se afasta da mãe e se torna facilmente manipulável. Vemos o desfile de uma série de personagens que vamos conhecendo ao longo das páginas: os seus medos, as suas dores, os seus fantasmas, as suas inseguranças. Tão reais que podia ser qualquer um de nós, qualquer pessoa que conhecemos. 

O desfecho é um cliché: a vitória do amor sobre todo o mal, por mais forte que ele possa ser. Mas ainda que seja cliché, não deixa de estar perfeitamente enquadrado e ser o desfecho perfeito, que nos enche de ternura e esperança. 

Agora o que eu gostava mesmo mesmo mesmo era de poder ir a uma chocolataria como a de Vianne Rocher. As delícias que imagino enquanto leio, quase que lhes sinto o aroma e o toque aveludado e doce. 

 

09
Out16

Durou duas noites (e meia)

Deixei-te_ir_2016

Na passada quarta feira, feriado, como tirei uma sesta à tarde, cheguei à noite e soninho que é bom, nada. Peguei então neste livro, um dos últimos que comprei, e comecei a ler. Li os três ou quatro primeiros capítulos e senti-me, desde logo, agarrada. Tanto que na quinta, à hora de almoço, li ávida mais um capítulo.

À noite peguei no livro ansiosa e fui até ao final da primeira parte. Não continuei porque eram 2h da manhã e sexta era dia de trabalho. Mas acreditem que fiquei em ânsias de pegar novamente no livro.

Sexta à noite, mal pude, assim o fiz e só parei no último ponto final. Eram umas 4h da manhã quando acabei a maratona. 

O livro agarra desde a primeira página. Mas o que é surpreendente, mesmo surpreendente, é que estamos toda uma primeira parte (vá, até à página 162) totalmente equivocados. Antes de começar a segunda parte, e dada a revelação no final da primeira parte, voltei atrás e reli os dois primeiros capítulos. Percebi logo como tinha sido induzida em erro. E não pude deixar de me rir de mim mesma, porque é tão subtil que se alguém perceber antes, merece um prémio. 

Não posso falar muito do enredo porque, involuntariamente, iria contar mais do que devo. É um thriller, sim, seu sei, este ano ando a dar-lhe forte nos thrillers, um mistério que fica logo no início por resolver: um atropelamento fatal de uma criança de 5 anos com fuga do condutor. Poucas ou nenhumas pistas, uma equipa de investigação policial que quer ver o culpado identificado e responsabilizado por um ato tão atroz e cobarde.

Deixei-te Ir é uma história envolvente, emocionalmente forte, com uma personagem tão carregada de mistérios que nos cativa e nos impulsiona a querer saber mais sobre ela, sobre os segredos que esconde, sobre a dor tão destruidora que sente, sobre o que lhe aconteceu que a faz parecer tão culpada e tão inocente. Um thriller com uma profunda carga dramática sobre um tema bastante complexo, trágico e que socialmente é, simultaneamente, um tema tabu, condenável, repugnante e difícil de condenar na justiça. 

A história tem vários narradores, sendo que um dos narradores da segunda parte é simplesmente arrepiante. Desde que se começa a ouvir a voz dele sente-se que ali há algo de muito maquiavélico, que vai crescendo na trama, à medida que se vão revelando segredos. A cada revelação, um passo mais próximo da verdade, do que aconteceu no fatídico dia do atropelamento. E quando achamos que está a resposta encontrada, desenganem-se. Há algo mais sórdido por trás. Arrepiante. 

Eu adorava poder estender-me sobre o livro, mas não posso mesmo. Porque recomendo a sua leitura, e não vos tiro o prazer da constante surpresa que as reviravoltas que vão surgindo causam no leitor. 

É intenso, é arrebatador, é empolgante, é absolutamente viciante.

Tenho lido livros muito interessantes, mas este fez-me bater um recorde que há muito não tinha: devorá-lo em duas noites porque é impossível largá-lo.

 

08
Set16

O Jogo de Ripper

O_Jogo_de_Ripper_2016

Adoro Isabel Allende. Li praticamente tudo o que é livro da autora, conheço a escrita dela há anos e anos e não perco um novo livro. 

Ao longo dos anos tenho notado como os últimos livros se distanciam um pouco dos primeiros, mas Allende tem um estilo tão próprio e envolvente, que escreva o que escrever, está ali o cunho da autora, aquilo que a identifica e nos faz reconhecer imediatamente a sua escrita, o seu estilo.

Este livro foi um desafio lançado a Allende e ao seu marido: escrever um policial a quatro mãos. Desafio aceite, mas em pouco tempo o marido desistiu do projeto e Allende continuou sozinha. 

Dizer que O Jogo de Ripper é um policial puro é reduzir insensatamente o livro. Quem o for ler a pensar que vai encontrar um policial típico, vai desiludir-se. Mas, ainda assim, tem os ingredientes chave de um bom policial: mistério, suspense, thriller psicológico, enredo bem desenvolvido, com revelações num crescendo gradativo até atingir um clímax, bem ao estilo de tragédia grega, onde somos surpreendidos com o desfecho. E depois da tragédia, de toda a emoção que nós também sentimos, o regresso à vida, com as sequelas e feridas que a tragédia deixou.

O Jogo de Ripper centra-se na personagem Amanda, uma adolescente peculiar e perspicaz, que coordena um grupo de adolescentes num jogo de mistérios online, onde cada um, com as suas particularidades, desempenha o seu papel com devoção. Conhecemos intimamente o núcleo de Amanda: a mãe, terapeuta holística, o avô, o seu grande companheiro, o pai, um detetive de homicídios, Ryan Miller, um ex seal que carrega no corpo e na alma as cicatrizes da guerra, tal como o seu fiel companheiro de quatro patas, Pedro Alarcón, um ex guerrilheiro uruguaio, e mais uma série de personagens, cujas histórias de vida vamos conhecendo, na medida certa, no tempo certo, para que todo o universo de Amanda se torne íntimo para o leitor. Portanto numa primeira parte do enredo temos histórias dentro de histórias, episódios do passado e do presente, onde conhecemos cada personagem, com a profundidade com que a autora quer que as conheçamos. Num plano ainda secundário há O Jogo de Ripper, hobbie da tenaz Amanda e do seu peculiar grupo de amigos virtuais, onde investigam crimes, numa primeira fase crimes fictícios, depois começam a investigar crimes reais. 

Num misto de investigação criminal e profiler, o grupo de Amanda investiga uma série de homicídios que ocorrem, aparentemente aleatórios. É o grupo de adolescentes que vai relacionando factos, investigando por conta própria, traçando o perfil do que consideram um serial killer, relacionando assim os homicídios que pareciam aleatórios. O próprio pai de Amanda chega a um ponto em que confia nos instintos da filha e nas suspeitas e descobertas que o grupo de adolescentes vai fazendo. E a partir do momento em que se torna pessoal para Amanda e para o seu núcleo familiar e íntimo, o enredo ganha nova dinâmica, num ritmo mais acelerado, em verdadeira contagem decrescente para salvar uma vida. A narrativa torna-se mais ativa, menos descritiva, e nós, leitores, porque conhecemos tão bem os envolvidos, sentimos a mesma angústia, o mesmo acelerar do coração, numa urgência cada vez mais sufocante para encontrar o responsável pelos crimes e poder salvar a vida de alguém tão importante e querido. 

É esta a magia de Isabel Allende. Dá-nos a conhecer as personagens, a sua história, o seu passado, os seus defeitos e virtudes, as suas cicatrizes de vida, os seus medos e anseios, os seus desejos e paixões. Ficamos tão íntimos das personagens que sofremos quando elas sofrem, sorrimos quando algo de bom lhes acontece, e sentimos o coração a bater ao compasso do desenrolar do enredo. Porque Allende nos envolve nesse universo, faz-nos sentir parte da história, da vida daquelas personagens que conhecemos tão intimamente, porque são tão humanas como nós que até podiam ser nossas amigas, familiares, companheiras.

A escrita de Isabel Allende é de um realismo profundo. E profundamente humano. Centra-se muito no poder feminino, a mulher como força motriz da vida (mesmo nas maiores adversidades), na família como um clã ancestral. 

O Jogo de Ripper é um thriller como só Allende poderia escrever. 

 

16
Ago16

Leitura das férias

um_gato_um_chapéu_e_um_pedaço_de_cordel_2016

 

Quando comecei este livro de Joanne Harris, achei que o lia em menos de duas semanas e para férias já levaria um dos de Isabel Allende que aguardavam vez na estante da vergonha.

Claro que não o consegui ler antes das férias, até porque o cansaço era imenso e as coisas para fazer e tratar também. Resultado: foi comigo para férias, e ainda bem que assim foi.

Gosto muito da autora, já li vários dela e apenas houve dois (Maligna e A Marca das Runas) que me deixaram a espumar de desespero para os acabar, e quase que morria ali o amor pela autora. 

Um Gato, Um Chapéu e Um Pedaço de Cordel é um livro de contos. Dezasseis deliciosas histórias que se lêem nos agradáveis dias de férias, sob a sombra de um guarda-sol, ou numa esplanada, sem pressas. Joanne Harris tem uma escrita harmoniosa, onde consegue juntar, com mestria, elementos místicos com banalidades quotidianas, sentimentos e emoções, sonhos e ilusões, e tudo num equilíbrio que nos dá vontade de conhecer aquelas personagens, sorrir com elas, chorar com elas, dar-lhes a mão e partilhar do seu pequeno mundo e dos seus sonhos, respirar um pouco daquela magia e energia.

Nestes contos encontramos algumas personagens do universo literário de Joanne Harris, e é um belo reencontro. Confesso que fiquei com muita vontade de ler mais histórias com as velhinhas Faith e Hope, porque elas são excecionalmente divertidas, com um toque de ironia e muita sabedoria e humanidade. Se há personagens de Joanne Harris que eu adoraria conhecer, era esta dupla.

Agora estou agarrada a mais um livro de Isabel Allende, e estou mesmo agarrada. Que saudades de Allende! 

16
Jul16

A Última a Saber - leitura concluída!

a_ultima_a_saber_2016

 

As últimas leituras que me empolgaram foram policiais. Pronto, tendo em conta que as séries que gosto de ver também são nessa onda criminal, está visto que as leituras acompanham a tendência televisiva.

A Última a Saber de Elizabeth Adler foi a minha última leitura. Oferta de aniversário de um casal de amigos, foi escolhido o livro pela sinopse, e por saberem que gosto de livros de mistério, suspense e policiais. 

Não conheço de todo a autora, pelo que foi a minha estreia. No facebook uma amiga disse que a autora é espetacular, mas este livro fugia ao registo habitual dela, pelo que podia ter as expectativas demasiado elevadas e dececionar-me. Respondi-lhe que como não conhecia a autora, esse não seria, decerto, motivo de deceção.

Demorei um pouco a apegar-me ao livro. Não pela narrativa em si, mas porque lia hoje um capítulo, daí a uns dias outro, e andava assim muito despegada da leitura por cansaço, por ter os dias sempre tão cheios e corridos, que tempo e disposição para leituras era pouco ou nenhum. Até que há uma noite que me apetecia ler, não tinha sono e não era assim muito tarde. E pronto, difícil foi parar. Ontem estava na disposição de só parar na última página, mas o sono venceu-me. O calor de hoje atirou-me para debaixo do guarda sol no terraço e concluí o livro.

Gostei. Já li romances policiais, de suspense e mistério melhores, ou mais surpreendentes, daqueles que as revelações constantes são um twist e nos fazem pensar e pensar e o desfecho deixa-me com aquela sensação de total surpresa, do tipo, what the fuck, por esta eu não esperava. Neste livro isso não aconteceu. Mas nem por isso a história prendeu menos. 

A história começa com o protagonista, um famoso e competente detetive de homicídios, a fazer um retiro na sua casa do lado após a separação amorosa. Em conflito com as suas dúvidas sobre o que quer realmente da sua vida no futuro, num cansaço enorme pelo desgaste da sua profissão, que o absorve e pouco espaço deixa para a vida pessoal, eis que está ele a tentar desligar-se de tudo quando, precisamente no pacato lago onde ele está há um misterioso incêndio, numa casa onde vivem duas misteriosas mulheres, mãe e filha, acabando a mãe por morrer e a filha por ser salva pelo mesmo detetive. A partir daqui desenrola-se toda uma investigação e sucessivos mistérios e crimes que vão acontecendo, envolvendo uma família simpática e adorada por todos. 

Confesso que este enredo podia perfeitamente ser o guião de um episódio (duplo) de Castle, eventualmente de Mentes Criminosas, ou do CSI Miami. 

Cada capítulo é uma perspetiva diferente de cada uma das personagens envolvidas, trazendo revelações e mais mistérios para responder. A perspetiva do próprio assassino também surge, em relato de primeira pessoa, e é pela sua voz que os leitores são confrontados com a verdade, a revelação dos vários mistérios e algumas explicações. O assassino é previsível desde cedo. Ainda assim, como as revelações vão surgindo ao longo da narrativa, acabamos por ficar presos à leitura, nem tanto para responder à pergunta quem é o assassino, mas para desvendar os mistérios que vão surgindo, numa teia bem intrincada. Ainda assim, achei que houve pormenores e aspetos que podiam ter sido mais explorados, senti que ficaram algumas pontas soltas, pouco esclarecidas ou pouco desenvolvidas.

No geral, uma boa leitura. Para quem é apreciador de romances policiais, com suspense e mistério à mistura, não espere deste livro muita emoção e voltas à cabeça para deslindar o enredo. É mais superficial, mais leve, tal como um episódio de Castle ou de CSI, mas nem por isso desprovido de interesse ou alguma emoção. 

 

13
Jun16

O Amante de Lady Chatterley

O_amante_de_Lady_Chatterley_2016

Um clássico da literatura mundial, que estava nos meus planos de leitura há muito tempo. Recentemente, a propósito de um leilão solidário, arrebatei-o e não esperei muito para o ler.

Não é um romance histórico, mas é um romance de época, pelo que o que mais gostei do livro foi, efetivamente, todo o contexto sociocultural da ação narrativa. E depois, há que ter em consideração a época em que foi escrito, a época da narrativa, para compreender à luz da cultura e sociedade da época o que nos é narrado e o porquê deste livro ter sido censurado e proibido, por ter sido considerado obsceno para a sociedade preconceituosa da época. 

A história passa-se na Inglaterra de início de Século XX, durante e pós I Guerra Mundial, uma Inglaterra em profunda transformação económica, já que as grandes explorações agrícolas deram lugar à extracção mineira e ao desenvolvimento da indústria. Uma Inglaterra onde as elites intelectuais e culturais procuram sobressair na sociedade com as suas obras e ideias liberais, ainda que em confronto com os próprios valores morais tradicionais. Vive-se um período de transformação a vários níveis, vive-se as consequências da Guerra. Lady Chatterley, uma burguesa criada numa família liberal, encarna a mulher feminista, intelectual e culta que luta pelos direitos e igualdade das mulheres. Ou essa é a expectativa quando, no arranque da narração, conhecemos Connie na universidade, a viver uma vida livre, despreocupada, cheia de ideais de juventude e aventuras amorosas despreocupadas. Mas Connie acaba por casar, e poucos meses depois recebe o marido que regressa da guerra inválido. Muda-se com o marido para a propriedade rural da família dele, da qual ele é herdeiro e proprietário de minas de carvão. E a agora Lady Chatterley enterra-se viva numa casa que a sufoca, com um marido que mais do que inválido, é egoísta e prepotente, centrado tão em si e na sua busca pela fama e reconhecimento como escritor e inteletual da época, a par da sua veia de industrial que começa a despertar. Das tertúlias culturais com o círculo de amigos inteletuais, Lady Chatterley cinge-se ao seu papel de esposa presente, mas discreta, sem opinião ou voz própria, pelo menos expressa, já que os seus pensamentos chegam ao leitor e percebe-se a mulher em sofrimento. Lady Chatterley é uma mulher em conflito interior. Sentindo-se sozinha, abandonada pelo marido que não consegue ver nada além de si próprio e das suas necessidades, ela acaba por procurar um sentido para a sua vida: o desejo de um filho, que obviamente o marido não lhe pode dar. E aqui começam as aventuras amorosas. 

Há algum erotismo, sim, mas não com a intensidade ou pormenor descritivo que conhecemos dos dias de hoje. Há o conflito moral do adultério, ainda que supostamente consentido, desde que seja discreto, há a necessidade de procurar um sentido para a vida, que passa pelo amor como uma fusão física e espiritual, numa entrega e comunhão totais. 

No geral achei o livro aborrecido. As tertúlias dos inteletuais faziam-me revirar os olhos, já que o que ali estava era um grupo de meninos mimados, pertencentes a uma elite, que debatem temas variados com argumentos rebuscados, mas pouco coerentes. A protagonista é uma mulher de contradições, a personagem que tinha tanto potencial para ser memorável, acaba por se perder numa série de incongruências. O suposto tórrido romance com o seu amante, por quem se apaixona e engravida, é também cheio de momentos incongruentes, discursos inverosímeis, repletos de ideologias, mas pouco sustentados, tornando-me diálogos que, a meu ver, eram absolutamente ridículos. 

E depois o desfecho foi uma espécie de nim. Lady Chatterley decide abandonar o marido e juntar-se ao homem que ama e de quem espera um filho. O marido não lhe dá o divórcio, por despeito, creio que não tanto por ter sido traído, mas porque ela o queria trocar por um empregado, nível social inferior. Ela regressa para casa da família, enquanto aguarda que o homem que ama se junte a ela, já que também ele se encontra em processo de divórcio. E no fim temos uma carta dele para ela em que fala, fala, fala, fala e não diz nada de significativo que nos revele como "acaba" a história. 

Não fosse esta minha teimosia de não desistir de um livro, e este teria ficado pelo caminho. Assim, é só um daqueles que tinha tanta vontade de ler e ficou uma amarga desilusão.

Venha o próximo, que recebi este fim de semana como prenda de aniversário de uns amigos, e pela sinopse já me deixou entusiasmada. 

 

 

07
Mai16

Um livro de ternura, um hino à amizade!

Alfie_2016

Comecei a ler na quinta à noite. Adormeci a meio de um capítulo, que tive de acabar na sexta de manhã. Ontem à noite li até fechar os olhos de sono. Hoje, fez-me companhia na tarde chuvosa e só parei na última palavra. 

É uma narrativa leve, linear, simples, mas nem por isso despida de sentimento ou sentido. É uma narrativa cheia de ternura, um verdadeiro hino à amizade e lealdade. E à esperança. É uma história de abandono, luta, sobrevivência, solidão, mas como a amizade e a esperança podem curar.

A história é-nos contada pelo gato, o Alfie, um ternurento e mimado gato de companhia de uma senhora que faleceu. Ele faz parte de uma herança que os herdeiros não querem, e para não ser atirado para um abrigo de animais, faz-se à estrada em busca de uma nova família. Da dor de ter perdido a sua companheira, vê-se sozinho exposto aos perigos da rua: fome, frio, chuva, ruas movimentadas, carros, pessoas que o enxotam, outros animais que o perseguem. No seu percurso ele percebe que só agora que tudo perdeu é que dá valor ao que tinha (tão humano que isto é). Nos momentos de maior cansaço, frustração e desespero, Alfie confronta-se com outros gatos que, solidários com a sua situação, o vão ajudando e ensinando a sobreviver na rua. 

Um dia chega a um bairro e sente que é o seu destino. É aí que vai pôr o seu plano em prática. Arranjar nova família. Mas, como "gato escaldado de água fria tem medo", Alfie não quer apenas uma casa, quer várias, porque sabe o que é perder tudo. Então esforça-se para arranjar vários lares que lhe garantam comida, conforto, amor. 

No entanto Alfie sabe que para conquistar os novos donos humanos, ele terá de lhes mostrar como precisam dele. E a verdade é que Alfie escolheu bem as famílias para serem suas, já que todas apresentavam problemas, e no fim, não foram elas que salvaram Alfie, mas ele que as salvou e uniu, num desfecho delicioso, que nos deixa de sorriso tonto.

Uma história repleta de ternura. Que nos mostra tanto sobre a solidariedade, sobre a amizade, e como um animal pode fazer toda a diferença na vida de uma pessoa, de uma família, como pode ser salvação e união.

A quem gosta de animais em geral, gatos em particular, não deixem de ler. A quem não tem particular interesse em animais, leiam também. Sim, é uma história de ficção, mas tem tanto de verdadeiro, tanto para nos ensinar. 

 

Sinopse:
Alfie é um sem-abrigo, abandonado após a morte da sua dona. Agora, é o momento de procurar uma nova casa e alguém que lhe dê carinho e conforto – um verdadeiro lar. Quando chega a Edgar Road, parece-lhe ser aquele o sítio ideal para ficar, mas está longe de imaginar que encontrará, em vez de um, quatro novos lares. No entanto, terá de usar perseverança para convencer os seus futuros donos disso mesmo, pois a última coisa de que precisam é de um gato.

Mas quando começam a surgir complicações nas suas vidas, todos se apercebem o quão importante Alfie se tornou. Ele trouxe-lhes esperança nos momentos mais negros e mostrou-lhes que a solidariedade é um valor inestimável.

Rachel Wells cria com mestria um personagem-gato, que observa com perplexidade os humanos, levando-nos a refletir sobre os nossos comportamentos.
04
Mai16

Debaixo de algum céu

debaixo_de_algum_ceu_2016

Este livro foi prenda da minha doce m-M. Não conhecia o autor, tão pouco tinha ouvido falar do livro.

A sinopse soou-me bastante interessante. E depois da empreitada de ler a trilogia de Zafón de seguida, este foi o escolhido, mesmo sabendo que vir logo a seguir a Zafón não é tarefa fácil.

Li-o sem pressas, ao sabor da disponibilidade e vontade. Mas quando lhe pegava era difícil largar. Tem um ritmo narrativo acelerado, vidas que se cruzam e entrecruzam, os sons da vida rotineira, os pensamentos de quem não tem coragem de os pensar alto, os medos, os anseios, as dúvidas, as descobertas, as tristezas, as solidões, a solidariedade num momento de crise, a vida que passa independentemente de tudo o resto. 

Um prédio, os seus moradores, vizinhos, uma semana, uma pequena localidade à beira mar: são os ingredientes base para esta narrativa linear, simples, polvilhada com reflexões sobre a vida do quotidiano de pessoas tão comuns, que podia ser qualquer um de nós, ou um dos nossos vizinhos...

Deixo a sinopse e espero que vos desperte a curiosidade, como me despertou a mim.

 

Sinopse

Num prédio encostado à praia, homens, mulheres e crianças - vizinhos que se cruzam mas se desconhecem - andam à procura do que lhes falta: um pouco de paz, de música, de calor, de um deus que lhes sirva. Todas as janelas estão viradas para dentro e até o vento parece soprar em quem lá vive. Há uma viúva sozinha com um gato, um homem que se esconde a inventar futuros, o bebé que testa os pais desavindos, o reformado que constrói loucuras na cave, uma família quase quase normal, um padre com uma doença de fé, o apartamento vazio cheio dos que o deixaram. O elevador sobe cansado, a menina chora e os canos estrebucham. É esse o som dos dias, porque não há maneira de o medo se fazer ouvir.

A semana em que decorre esta história é bruscamente interrompida por uma tempestade que deixa o prédio sem luz e suspende as vidas das personagens - como uma bolha no tempo que permite pensar, rever o passado, perdoar, reagir, ser também mais vizinho. Entre o fim de um ano e o começo de outro, tudo pode realmente acontecer - e, pelo meio, nasce Cristo e salva-se um homem.

Embora numa cidade de província, e à beira-mar, este prédio fica mesmo ao virar da esquina, talvez o habitemos e não o saibamos.

Com imagens de extraordinário fulgor a que o autor nos habituou com o seu primeiro romance, Debaixo de Algum Céu retrata de forma límpida e comovente o purgatório que é a vida dos homens e a busca que cada um empreende pela redenção.
 

 

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