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Estórias na Caixa de Pandora

Estórias na Caixa de Pandora

06
Abr21

É aplicar a regra de 3 simples

Se partir um espelho dá sete anos de azar, não ter ido ontem a uma esplanada dá quanto tempo?

A julgar pela corrida sôfrega às esplanadas, ou iam levar a vacina anticovid ou estavam a  evitar estar x anos em modo azar.

Depois digam que é azar daqui a 15 dias haver conselhos que afinal permanecerão em confinamento, negócios que continuarão por abrir e famílias cuja vida  sem rendimentos se estenderá por tempo indeterminado, porque em loja fechada não entra dinheiro.

Então boa esplanada para todos, sim? Eu cá continuo em modo trabalho - casa - deslocações estritamente necessárias. Alguma coisa devo estar a fazer bem, porque em mais de um ano de pandemia ainda não levei com uma zaragatoa pelo nariz, e que assim se mantenha.

E sim, custa para caraças esta vidinha limitada e sem a liberdade de outrora. Custa não ver os amigos, não ir jantar fora, beber um copo ou ir a uma noite de danças latinas (saudades). Custa não ter as aulas de grupo que quebravam a loucura dos dias sempre cheios de tudo e nada. Custa a falta de abraços, as conversas em convívio animado. Tanta coisa que custa em prol de um bem maior: a saúde pública.

E portanto sim, revolta-me um bocadinho o umbiguismo egocêntrico de muitos, que tanto põem em risco em prol de quê? Deles próprios.

mundo.jpg

É só isto.

 

01
Mar21

Chegámos a março... ou será que ainda estamos em março?

Está quase quase a fazer um ano que entrámos, oficialmente, em confinamento e estado de emergência, e o Covid passou a dominar a vida de todos nós.

Nunca, em momento algum acreditei que um ano depois estaríamos na mesma, ou pior, convenhamos. Há um cansaço enorme e geral. Estamos neste momento a recuperar daquilo que há um ano atrás víamos nos outros. Aqueles números alarmantes e assustadores que nos eram dados de Itália e Espanha. Aquela realidade que víamos aproximar-se de nós a passos largos e iniciou o pânico que nos fez fechar tudo e ficarmos em casa com promessas e arco-íris que nos diziam que "vai ficar tudo bem".

Um ano depois os arco-íris esbateram a cor. O "vai ficar tudo bem" silenciou-se. 

Um ano depois, cá estamos. E assim continuaremos. Desengane-se quem acha que 2021 será muito diferente de 2020. Que possamos recuperar desta onda avassaladora de janeiro, e da qual estamos a pagar um preço alto, e que possamos fazer o que estiver ao nosso alcance para não voltar a cenário semelhante. 

 

12
Jan21

Alerta!

Recebi um alerta por causa do post anterior. 

Papel higiénico de folha tripla a escassear, só se arranja embalagens pequenas e de papel folha fina. 

Enlatados a desaparecer.

E café. 

RIP à esperança que a pandemia ensinaria alguma coisa à humanidade. Não. A estupidez continua forte. Muito forte. Só falta o Ventura ganhar as eleições...  Xô capeta! 

11
Jan21

Só mudou mesmo o ano...

Tudo aponta para que estejamos na iminência de novo confinamento geral. Tudo fechado. Tudo em casa.

Agora apontam-se dedos por causa das reuniões natalícias. Curioso. Nos dias que antecederam o natal, sentia o olhar de piedade quando respondia que o natal seria a dois, em casa, com os gatos. Enquanto via a azáfama dos planos para conseguirem ir à família de um lado e depois à do outro, ou outras pessoas a sacrificarem não estarem com familiares de um lado mas a não saberem dizer "não" a outros que insistiam, eu tranquila da minha vida a saber que o natal seria em paz e sem fretes, com a família que tenho todos os dias. Levei com olhares de pena. E tive de lidar com a piedade alheia quando por dentro rejubilava por ter um natal tranquilo, em paz, na minha casa, com a minha família de todos os dias. 

Agora trocam-se acusações como se uns fossem santos e outros pecadores. 

O que me aborrece no dia de hoje é ter-me visto obrigada a deslocar-me à extensão de saúde da minha área de residência, porque na semana passada, todos os dias, todos, liguei 5 a 6 vezes por dia e nunca, NUNCA me atenderam o telefone. Manifestei hoje a minha indignação. Não se admite, em tempos de pandemia, em que nos pedem (exigem) para não fazermos deslocações desnecessárias, as tenhamos que fazer porque não há uma alminha que atenda o raio do telefone para dar informações. 

Não é só a mentalidade das pessoas no geral, e das que quiseram um natal igual aos anos anteriores, que se enfiaram nos centros comerciais (eu também lá passei, apedrejem-me) ou que se juntaram com familiares que possivelmente não viram durante praticamente todo o ano. Há muita coisa a funcionar muito mal neste país, que 10 meses depois do início da pandemia ainda não aprendeu nem reajustou serviços à nova realidade. Andamos feitos tontos, ao sabor das marés, que pelo estado caótico da coisa, só podem ser marés vivas.

Estamos a um passo de novo confinamento geral. Lá terá de ser. Aguentemos. O lado bom? Já sabemos o que nos espera. E alguma coisa aprendemos com o confinamento anterior, como por exemplo, o papel higiénico não vai esgotar. 

 

21
Mai20

Breve reflexão

Ontem falava com uma amiga via Whatsapp (a nossa forma de comunicar frequente, visto que estamos a kms de distância) e trocávamos impressões sobre isto de estar de quarentena, experiências, sentires.

Somos muito parecidas. Já o sabíamos. A viver a quarentena também. 

Já tivemos os nossos momentos de break down, já nos reerguemos, já estamos com esta rotina do teletrabalho bem interiorizada e chegamos a conclusões muito semelhantes.

  1. O que nos faz falta, assim mesmo mesmo mesmo mesmo falta (ou saudades, também)? É a liberdade de poder escolher sair ou ficar em casa. Isto é, chegamos ao fim de semana e no sábado está um sol fabuloso, aquela liberdade de decidir que vamos passear, almoçar fora, ir visitar um local específico, ir a uma exposição ou evento, ir experimentar aquele restaurante ou aquela coffee house que tem umas waffles e uns crepes de fazer babar o cão de Pavlov. Ou escolher ficar em casa porque sim, porque apetece e não porque tem de ser. 
  2. Também sentimos falta de estar com pessoas, sim, mas apenas aquelas nossas pessoas com quem gostamos de estar, de marcar um café, um jantar, a quem se telefona e as horas passam, ou as conversas via Whatsapp ou messenger pelo dia fora, ou à noite. Mas erguemos as mãozinhas e agradecemos a bendita quarentena e isolamento social que nos livra dos fretes sociais, da convivência forçada, que nos dá motivos válidos para nos mantermos longe das pessoas no geral, algumas em particular. A quarentena não me fez descobrir como manter o contacto à distância. Tenho algumas amizades à distância, e não foi preciso vir o Covid para me mostrar como devo alimentar as relações humanas quando a distância se impõe. 
  3. Poupar. Gasolina, tempo, roupa e calçado, vai-se a ver e é uma série de coisas, que até tínhamos noção que não eram imprescindíveis mas íamos consumindo porque sim. Agora tanta coisa deixou de ser necessária. Em contrapartida gastamos naquilo que verdadeiramente nos dá prazer. Eu tenho comprado livros. E aproveitei para, finalmente, comprar uns artigos para a casa, que há muito tempo estavam em lista de espera. 

No geral estamos confortáveis, agradecidas pela sorte e privilégio que temos de poder trabalhar a partir de casa, por termos sabido ver o que de melhor podíamos aproveitar neste contexto tão extraordinário e inimaginável, conseguindo relativizar ou ir gerindo o lado menos bom. Tem dias. 

 

18
Mai20

Questões que me assolam o espírito por alguns nano segundos

Então a praia este fim de semana? Boa? Sim? Espetáculo. Bato palmas ao egoísmo desmedido de centenas de pessoas, FAMÍLIAS que usam o argumento que "as crianças precisam, estão fechadas há muito tempo". Isto vindo de quem já foi à praia em fins de semana anteriores, mesmo com tempo encoberto, e neste fim de semana foi dose dupla, sábado e domingo, realmente o argumento de "muito tempo fechadas" é de louvar. Só que não!! Tenham vergonha na puta da cara! 

Aposto o meu dedo mindinho em como estes cromos da merda são os mesmos que depois manifestam muito pesar e preocupações várias com a reabertura das creches.

Como diz a outra, FODEIBOS!!!

Com estas atitudes, prevê-se uma palhaçada quando abrir, oficialmente, a época balnear. O apelo ao bom senso, a que cada um tenha de ser o seu próprio fiscal para respeitar as normas de segurança e higiene, dá vontade de rebolar no chão a rir. Só não o faço porque depois TODOS sofrem as consequências da irresponsabilidade e egoísmo destes acéfalos. 

Um breve exemplo: um dos apelos é as pessoas fazerem manhãs ou tardes, para assim mais gente poder ter acesso a um bocadinho de praia (recordando que este ano por força das circunstâncias extraordinárias que o MUNDO vive, o acesso é limitado e restringido a um x número de pessoas, que varia consoante a área disponível). Recordando que há dois meses houve um açambarcamento de papel higiénico, álcool, depois farinha e fermento, que se foda quem também precisa, era levar stock para 50 anos, que nunca fiando, isto o mundo acaba e a malta tem de limpar o cu enquanto come pão... está-se mesmo a ver só ficarem meio dia na praia para que outros possam ir a seguir?!  

Este verão promete... eu só lamento é que, por causa de uma cambada de egoístas, toda uma sociedade tenha de sofrer as consequências deste fenómeno chamado: umbiguismo.

 

15
Mai20

Deixar a vida acontecer

Perdi a conta às vezes que abri o editor de texto e voltei a fechar sem escrever uma palavra. 

Ando pouco ou nada inspirada para escrever. 

O aniversário passou-se. Este ano eu até tinha pensado fazer uma jantarada com um grupo de amigos, o que para uma pessoa como eu, que não vibra com o aniversário, era assim uma coisa pouco vista. E eis que a pandemia suspende planos e a vida como a conhecíamos. Há que reajustar. Depois custou encaixar que já cá contam 39. É que não me sinto nada com essa idade e pensar que para o ano entro nos 40 dá-me assim um ataque de pânico.

Ok, já passou.

Os dias têm passado nesta rotina já instalada. Continuo em teletrabalho e continuarei. As previsões de regresso apontam para setembro. São previsões, portanto valem o que valem. Pode ser antes, pode ser depois, depende de muita coisa.

Há novas possibilidades que antes no corre corre não havia. Vive-se com mais vagar, sem ser a contra-relógio. Aliás, só olho para o relógio durante o dia quando estou no PC a trabalhar. E este viver o tempo sem a pressão do relógio tira logo uma boa dose de stress e ansiedade de cima. No entanto pode haver outras fontes de stress ou ansiedade. E para isso contribuem muito as redes sociais. Tenho filtrado imenso. Para não me sentir frustrada e culpada por não tirar 4h (pelo menos) do meu dia para exercício físico, por não fazer pão ou bolos todos os dias, por não me vestir, calçar e maquilhar como se fosse para uma festa...

Eu estou a trabalhar. Começo por volta das 9h30 e é até às 18h30, 19h. Desde que comprei a bicicleta indoor que faço uma sessão de 30 minutos de manhã. O que implica que assim que acabo, e depois de alongar um pouco, vou tomar um duche, visto-me e vou tratar de comer um bom pequeno almoço. Quando dou o dia de trabalho por terminado, não, não me vou pôr a fazer vídeos de fit e do raio. Vou lanchar com o Gandhe, vou até ao sofá, leio ou vejo tv, conversamos. Vou tratar do jantar. Se houver roupa para tratar ou outra coisa para fazer em casa, faço. Jantamos nas calmas, arrumamos cozinha. Banho, hora do chá e mais um pouco de sofá a ver ou um episódio de uma série ou a ler um pouco, por norma ambas. Há dias que adianto o pequeno almoço e deixo as panquecas (por exemplo) preparadas de véspera, quer para ele que sai de casa às 5h30, quer para mim. Estou bem assim e sem pressões, sem comparações, sem correrias para fazer mil e uma merdas que os outros "dizem" fazer. A minha vida não anda à volta das redes sociais. Não vivo para e em função delas, portanto não tenho de me comparar com o que os outros fazem e mostram ao longo de todo o dia... mas é inevitável, não é? Vamos até ao Instagram para "relaxar" e levamos com uma overdose de pão, bolos, receitas várias, outfits e dicas de organização, e muito muito muito exercício físico. Temo que depois da pandemia os ginásios não terão clientes. Logo este ano que o acesso às praias estará condicionado, é tudo com corpos danone a querer desfilar. E depois o comum mortalzinho do outro lado sente-se uma nulidade porque não consegue fazer nem um terço... que nódoa! Só que não... e é preciso ter mesmo uma grande capacidade para filtrar muito do que se vê nas redes sociais.

Encontrei, por ora, o meu equilíbrio e estou bem assim. 

Nas leituras ando com um bom ritmo, não porque esteja em competição, mas porque estou a adorar ler a série da detetive Erika Foster do autor Robert Bryndza. Ainda não vim aqui deixar o meu feedback, porque acho que vou ler os 6 livros de enfiada (já vou no 4º, portanto já não falta tudo...) e depois escreverei sobre toda a série. 

Um bom fim de semana... deixem a vida acontecer ao vosso ritmo, sem pressões e sem comparações.  

 

04
Mai20

Quarentena: últimas duas semanas!

A última semana que aqui vim escrevinhar umas coisas foi a semana mais difícil nesta quarentena. Talvez por ter estado doente, ter tido febre, ter pensado em coisas que, mesmo não sendo hipocondríaca, os tempos que vivemos levam uma pessoa a pensar. Talvez porque me sentia muito em baixo, desanimada, sem energia, sem produtividade, passaram-se dias em que me arrastava e não tinha cabeça para absolutamente nada. 

E então uma pessoa sente que bate no fundo e dali só tem um sentido a seguir: para cima. Portanto daí em diante tem sido o objetivo dos dias, levantar o ânimo.

Uma das primeiras coisas que decidi pôr em prática nesta operação "levantar o ânimo" foi ir fazer uma caminhada. Foram 5,5 km no meio da natureza, aqui tão pertinho da minha casa, quase como quem vai ali ao fundo do quintal e volta. É incrível as coisas boas que temos à nossa mão, tão perto, tão acessível, e nos passam ao lado dia após dia. Voltei a casa com outra energia. E confesso que um pouco tonta, acho que foi do excesso de ar puro e livre de paredes. Quem  segue a Pandora no Instagram pôde apreciar uma bela foto desse meu passeio.

A ideia era ter ido mais dias, não deu. Sim, porque ironia das ironias, quando isto começou uma pessoa não sabia o que fazer ao tempo disponível. E realmente somos criaturas de hábitos e mais fácil do que muitas vezes achamos, habituamo-nos a novas rotinas e realidades. Neste momento já não está muito diferente de quando ia para o escritório da empresa todos os dias. Há dias que desligo o computador mais cedo, outros mais tarde, também giro de acordo com o trabalho que tenho em mãos e com os horários que fiz ao longo do dia. Não se proporcionou mais caminhadas porque uns dias estava de chuva, outros desliguei o trabalho mais tarde e ir até ao sofá antes de ir fazer o jantar também sabe bem.

Uma nova rotina implementada nas últimas duas semanas: andar de bicicleta. Estática. Já tenho a bichinha há uns anos, e durante um tempo era diariamente usada. Mudanças de horários de trabalho, de turnos, mudanças de local de trabalho, trouxeram mudanças ao dia a dia e uma desculpa a seguir a outra, a bicicleta tem estado encostada. Há os dias da semana que vou para as aulas de dança, de local fit, de cardio fitness, os outros dias em que não há aulas descansa-se e aproveita-se o tempo para tarefas domésticas. E assim a bicicleta ficou encostada, ótima para pendurar cenas. E começou a quarentena. Primeiro, e para não perder o ritmo de exercício que já tinha na minha agenda semanal, comecei por fazer exercício recorrendo a aulas partilhadas nas redes sociais ou YouTube. E comecei bem, estava até certinha, até vir uma semana menos boa, seguida de uma má, e verdade que chegava a hora de desligar o computador e a última coisa que eu queria era voltar a olhar para um ecrã para fazer exercício. Era arrumar a cadeira de secretária e estender o tapete para fazer exercício. Esmoreci. E teve um efeito ainda mais devastador olhar para o Instagram e ver resmas de pessoas mega fits a fazer exercício de manhã, à tarde, a meditar enquanto apanham sol na janela, a preparar aqueles mega pequenos almoços dignos das novelas brasileiras (pelo menos as que eu via há anos atrás). Era só energia e vontade e tempo e eu ali, a sentir-me um verdadeiro trapo, um caco, uma lontra incapaz de mexer uma pestana já exausta de tanto exercício que me aparecia no feed. Acho que à conta disso tenho um six pack na retina, o que explica o comentário do oftalmologista quando fui à consulta este sábado: você tem cá uma retina... naquele tom como quem diz: estás cá com uns glúteos 

Foi quando definhava e esmorecia que olhei pelo canto do olho para a velhinha bicicleta e pensei: por que não? 30 minutos todas as manhãs antes de começar a trabalhar. As manhãs até ganharam novo ritmo e energia. E se ao fim do dia ainda me apetecer ir caminhar ou até fazer uma aula de localizada com apoio das redes sociais ou YouTube, tudo bem, se não, não me pesa a consciência (e o rabo) por não mexer uma palha e sentir os músculos a atrofiar por terem pouco movimento. E eis que a bicicleta fica sem o monitor que mede tempos, distâncias, calorias. Atenção, era um modelo muito básico, com anos, e sim, já foi muito usada num passado. Continuei a pedalar os 30 minutos, mas sem noção do resto. Não me interessa contar calorias ou treinar para a volta a Portugal. Mas se uma pessoa está a fazer isto diariamente, convém ter noção da evolução, assim como ir variando esforço e dificuldade. Comecei a procurar modelos de bicicletas estáticas. Falei com Gandhe, pedi opinião sobre funcionalidades e cenas dessas. Ele acabou por se entusiasmar e a comprar, mais vale investir num equipamento razoável para os dois (a outra só dava para mim porque era muito pequena para ele). Começou a pesquisar e deu com uma bicicleta semi profissional da Domyos no OLX. E a vendedora era daqui perto. Mostrou-me a bicicleta, fiquei um bocado de pé atrás com o modelo, aquilo parecia too much em tamanho e programas e cenas. Fez umas perguntas à vendedora, artigo novo, excelente estado (confere, nem um risquinho), negociou preço e foi ontem vê-la. E trouxe-a. Portanto agora tenho ali uma besta de uma bicicleta que já me pôs a suar em bica logo de manhã e tenho os glúteos em fogo até agora. 

Li um livro em 5 dias. Já comecei o segundo volume, mas com mais calma para durar mais. Assim como assim, estou rendida a este autor e à série da inspetora Erika Foster, que os 3 volumes seguintes estão encomendados... 

Já fiz um bolo com a batedeira nova. Correu bem. Este fim de semana não houve bolo porque fui cobaia dos dotes doceiros de uma amiga e recebi em casa uma pavlova com lemon curd. DIVINAL!!!! (Percebem porque tenho de pedalar?)

O dia de ontem foi um soberbo dia de verão. Sem facilitismos, nada de sair de casa e ir pôr o pé na areia. Pintei as unhas dos pés, andei de vestido fresquinho, fizemos churrasco no terraço e bebemos caipirinhas. Há que reinventar e nunca o slogan da IKEA fez tanto sentido: VIVA MAIS A SUA CASA! 

 

21
Abr20

Quarentena: dia 35

Ontem terminei o dia com febre, deitada no sofá com tremores de frio. Nem exercício físico, nem jantar nem nada. O homem fez o jantar mas eu só consegui comer sopa. Um banho bem quente, um chá e um brufen no bucho, cama. Vida cheia de glamour, portanto. 

Acordo sem febre, mas com uma dor de cabeça do raio. Outro brufen no bucho com o pequeno almoço. E a triste ideia de abrir um link de uma "notícia" que confirma aquilo que o meu bom senso já previa: praia este ano? Só por um canudo. Isto claro está para as pessoas que estão a cumprir com as medidas propostas para controlo do contágio. Para as egoístas vai haver um verão com direito a tudo. Depois em setembro se verá a segunda vaga de contágio por covid-19 (que aliás está previsto).

 

Mudando de assunto, sugestões para aproveitar sobras de carnes de churrasco? Tenho ali carne grelhada que sobrou do churrasco de domingo e hoje o jantar será gourmet: restos! A via mais fácil? Aquecer a carne, fazer um arroz e uma salada e siga. Mas vá, quero fazer algo "diferente" com aqueles restos. Estou aqui a pensar num feijão preto com bacon e a carne cortada em pedacinhos, vai com arroz branco na mesma e uma salada. Agrada-me. Vai na volta peço ao homem para fazer uma caipirinha, assim como assim tem vitamina C e tem álcool: uma é boa para o sistema imunitário, o outro desinfeta. Perfeito. Também podia dar uma de chef de cozinha do Instagram e fazer bolinhos de carne (vulgo croquetes), quiche, uma tarte ou um risotto, uma bola (pãodemia ao rubro) de carnes ou outra cena assim muito chic cuisine. O que poderia implicar ter de ir comprar ingredientes que, por norma, não há em casa, o que não é de todo recomendável. A modos que a lata de feijão preto que está por ali na despensa me parece uma ideia do caraças. Isso e as caipirinhas. É.

 
20
Abr20

Quarentena: dia 34

Sexta jantei sushi. Abençoado serviço de take away do restaurante onde habitualmente vou ao sushi.

Sádado foi dia de limpar e arrumar o "palácio". E também de andar de catalógo Ikea online numa mão e a fita métrica na outra. No carrinho de compras já constam alguns artigos... encomenda por submeter. Estamos em período de reflexão.

Domingo aproveitou-se o bom tempo e foi dia de churrasco com direito a caipirinha.

Vive-se dentro de portas, tentando trazer algum do mundo lá fora cá para dentro. Vai-se, assim, tentando fintar esta quarentena, este isolamento e distância social. Mas há sinais de cansaço. De desanimo também. Por aqui mantêm-se as regras de confinamento e lá fora parece que foi dada ordem de soltura, é só pessoas na rua, a passear ao sol, famílias de quatro elementos a irem para o supermercado, crianças sem máscara, encostam-se ao balcão da caixa, mãos, queixo, provavelmente boca (desabafo de uma pessoa amiga que trabalha num destes postos de trabalho e tem de ver coisas que custam a engolir quando se tem dois dedos de testa e um neurónio, no mínimo, a funcionar). Parece que as creches vão reabrir. Está tudo bem. As redes sociais cansam de tanto unicórnio e vidas de Barbie. Não imaginava que os portugueses viviam todos (quase) em casas com piscina, algumas com vista para o mar. Assim a quarentena até é um favor do universo para as pessoas gozarem mais as suas casas. E pululam padeiros e personal trainers. Toda a gente está exímia a fazer pão, bolos, petiscos vários. Isso e exercício físico. Tanto que nem vale a pena os ginásios voltarem a abrir portas. Está provado que não são precisos. Há quantidade absurda que me passa à frente dos olhos de exercício físico eu já tenho um six pack abdominal completo. Nas pestanas.

Desmotivo. Cumpro o meu horário de trabalho, que com reuniões quase diárias de 1h ou mais e em dias com muitas falhas de rede, acabo por esticar o dito horário para compensar na produtividade. Tenho dias que quando desligo o computador e penso que 20 minutinhos a fazer exercício seguindo um vídeo do Youtube até ajudaria a descomprimir, não fosse o cansaço ser muito, a cabeça gritar por sossego e mais depressa aterro um bocadinho no sofá antes de ir para o fogão, do que vou estender o tapete e pôr-me a malhar o corpinho que grita por descanso horizontal. 

Sinto-me moída, dormente. 

Uma amiga teve um ataque de pânico e crise de ansiedade. A falta de ar levou-a às urgências de um hospital privado que a pôs na rua e recusou-se atender. Foi ao público. Foi muito bem atendida. Está novamente em casa, sozinha, a tentar recuperar, com medicação SOS. Posso pegar no carro e ir lá ter com ela, tomar um café, dar-lhe um abraço e conversarmos cara a cara e não por vídeo chamada? 

A parte invisível da quarentena, aquela que não é vistosa e bonita de publicar nas redes sociais. A solidão, o medo, as dificuldades financeiras, as preocupações, a tentativa vã e o esforço hercúleo de criar uma nova rotina e realidade e "fingir" que está tudo bem e vai ficar tudo bem. Estou cansada, posso?! Cansada das tretas otimistas. Cansada dos egoístas e estúpidos que põem em causa todo o sacrifício que outras pessoas estão a fazer para controlar o contágio. Cansada da falácia das redes sociais que, mesmo neste momento que vivemos, continua a mostrar um lado paradisíaco e idílico de uma vida em quarentena, em que estão todos muito pró ativos, muito bem emocionalmente (quem vê a enxurrada de figuras tristes no tik tok não diria que é gente sã de espírito)... de repente tudo faz e come pão, aquele inimigo da dieta e bem estar que até há bem pouco tempo atrás toda a gente era alérgica. Só que não. A covid curou a doença celíaca de milhares de pessoas. Milagre, milagre! Haja pão. E vinho. E muito fit e yoga e merdas, já vomito pelos olhos tantas dicas de treinos em casa. Biquíni só para 2021, ok?! 

Cansaço. Íssimo íssimo íssimo cansaço. 

 

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