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Estórias na Caixa de Pandora

Estórias na Caixa de Pandora

12
Out16

Vocês sabem?

Aquele Gremlin fofinho fofinho, com uns olhinhos ternurentos, que só apetece pegar ao colo e apertar por causa de ser tão fofo? Sabem?

Pronto, eu não carrego assim tanta fofura, mas vá sou moça pacífica, simpática, do bem. Mas solta-se-me a fera que há cá dentro quando me fazem de parva, me tentam ludibriar e duvidar da minha própria inteligência. É que aí eu encarno a toura que há em mim e sai da frente.

Pois que ontem, e depois de uma novela mexicana por causa da avaria do Smart, fui ter com o dono do stand que mo vendeu para levantar o carro da reparação que ele, a muito custo e com muita luta e argumentação muito bem fundamentada e apoiada por consultora legal (vulgo advogada), resolveu assumir e pagar ao abrigo da garantia.

Mas caramba, chego lá e vejo o palhaço, no alto da sua arrogância, a falar da garantia e da lei com uma ironia que me fez revirar as tripas. E quando lhe pedimos uma cópia do relatório de intervenção e ele diz, ipsis verbis:

- A sua advogada que me escreva uma cartinha a pedir o documento e eu peço à minha advogada para lhe responder, ou melhor, até digo à minha advogada que nem tenha trabalho a responder.

Ahhhhhh que se soltou o bad gremlin dentro de Pandora. E quanto mais ele insistia em falar, metendo os pés pelas mãos, numa contradição própria de quem é chico esperto a querer enganar os outros, mais eu me erguia nos meus argumentos, muito bem fundamentados, com uma segurança própria de quem conhece a lei, os direitos que tem e aquilo que pode exigir como seu de direito. 

Resumindo: comprei o Smart em fevereiro, há 8 meses. Na semana passada carro tem uma avaria mecânica e simplesmente pára, não liga, não anda, nada. Consumidora consciente, sei que tenho direito a um ano de garantia. Contactamos o stand, pedimos que nos digam com que oficina trabalham para levar lá o carro. Nada. Carro foi para a marca. E começa a luta. Porque não tínhamos direito a garantia, porque para termos garantia tínhamos de ter pago mais 1000€, e nós prescindimos da garantia. Ahhhhhhhh os nervos a ferverem. Consulta a lei, consulta amiga advogada, reúne com ela, tudo para ter a certeza dos nossos direitos e poder reinvindicá-los. E assim foi. Na segunda, e a contragosto, lá aceitaram fazer a reparação, mas não na marca. Lá foi o reboque buscar o carro e levá-lo para a oficina que o stand quis. Ontem, o discurso irónico continuou, com aquele ar do bom samaritano que resolveu responsabilizar-se pela avaria do carro que vendeu há oito meses só porque sim, é muito boa pessoa e quis agradar ao cliente. Só não o mandei para a meretriz que o pariu porque aí perdia eu a razão que tinha. Mas no alto do meu metro e meio ele ouviu o que não quis e percebeu que comigo, connosco, ele não ia brincar nem enganar, nem passar a perna, tão pouco fazer-nos de parvos. 

 

 

A questão é simplesmente esta: a compra de um carro usado tem, por lei, um ano de garantia, no mínimo, no caso de stands creditados para a comercialização de veículos, e no caso de uma compra a um particular têm direito a 6 meses de garantia. Quando um stand de usados vos diz que por mais x € têm direito a garantia, na verdade estão a querer vender-vos algo que é vosso por direito, porque o que eles deveriam vender é a chamada extensão de garantia. O cliente tem um ano por direito. Se pagar mais x (valor acordado entre as partes), tem mais um ano, somando um total de dois anos de garantia. Claro que os chicos espertos dos vendedores aproveitam-se do desconhecimento do consumidor da lei e dos seus direitos, aproveitam-se que as pessoas, mesmo que até tenham noção dos seus direitos não estão para se chatear ou levar o caso a tribunal e esperar 5 anos que se resolva, e assim continuam na boa, impunes, a cometer estas ilegalidades à vista de toda a gente e, no fundo, com a conivência de todos.

Comigo não foi assim. Lamento. Se tenho os meus deveres e os cumpro, também exijo que me sejam devidos os direitos que tenho por lei. E não exigi nada que não tivesse direito, por lei.

Pedi à M.J. que, se pudesse e quisesse, escrevesse algo mais completo e com a devida fundamentação jurídica sobre este tema. Porque eu acabei de ser escaldada. Porque, ao comentar isto com várias pessoas, pude ver que a grande maioria assume que se compra um carro usado e não tem garantia. Porque a verdade é que se não estivermos informados dos nossos direitos, passam-nos a perna e ainda se riem, e assim continuam, pela vida fora, meio mundo a enganar outro meio, pura e simplesmente porque meio mundo vive na ignorância dos seus direitos.

 

Quanto ao Smart, já está comigo, já anda, mas eu não desisto de ter um relatório da intervenção da oficina. Ou vou pagar para a marca me fazer um diagnóstico completo ao carro. Não é desconfiar das pessoas, mas dado todo o contexto, eu sei lá se o carro levou uma peça nova, uma peça restaurada, eu sei lá se não volta a acontecer e depois? Adoro o carro. Mas depois de tudo isto, já não confio nele. E para me decidir se fico com ele ou não, vai ter de ser submetido a uma boa análise e avaliação. Afinal, ainda tenho quatro meses de garantia. 

 

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