Vou dar uma de indignada, posso?!
O que vêem nesta imagem da campanha publicitária partilhada na rede social Instagram da marca (limitei-me a fazer um screenshot)?
Duas modelos, dois biquínis. Dois corpos diferentes.
E tudo bem, estamos numa época em que nunca se falou tanto disto da diversidade de corpos, e abaixo os estereótipos de beleza, todos os corpos são bonitos, blá blá blá. Discurso muito life coaching para depois ser isto.
E o que é isto?
Então para mim isto é a puta da hipocrisia.
A modelo magra está toda airosa, com o corpo bem visível. A modelo plus size (que é a forma simpática de dizer que é a gorda) tem uma echarpe a envolver-lhe a zona do ventre, e como se não bastasse, as mãos estão estrategicamente colocadas à frente. Portanto, aquele pneu, que 95% das mulheres têm, não é visível na modelo plus size que fotografou com um biquíni da conhecida marca.
Não alcanço a mensagem publicitária, a sério? Têm ou não têm biquínis para todos os corpos? Um corpo mais curvilíneo, com coxa grossa e barriginha, sem o six pack definido, tem de se esconder numa echarpe?
Pois, realmente é por causa destas merdas que eu acabei por ceder à história do fato de banho. Porque sinto essa pressão de que é feio, inestético e "vergonhoso" exibir um pneuzinho a sair da tanga do biquíni na praia. Porque o ano passado dei por mim a ir para uma zona mais afastada da praia para não mostrar o corpo a muita gente. Porque na verdade já tive os meus momentos de nem querer sair de casa no verão, por não saber o que vestir, porque tudo me fazia sentir a gorda que a sociedade, por um lado defende, e por outro espeta a facadinha e olha com desdém.
Já agora, só falta pôr um sinal à entrada da praia: proibida a entrada a mulheres com mais de 50 kg. Ou: se tiver mais de 50 kg, enrole-se na toalha e não saia do meio das dunas.